8.4.09

Keep on rockin'? (ii)

Li por aí que o Green Day vai lançar um novo disco. Pelo título do single, Know Your Enemy, podemos esperar mais da ladainha política destilada no último disco, American Idiot.
Bom, já dei minha opinião por aqui e acho que, no mundo pós-Bush, esse discurso já perdeu muita força. Afinal, quem é o inimigo agora que um negro democrata foi eleito para a presidência dos EUA, a preocupação ambiental é crescente, os programas de combate à pobreza estão sempre na ordem do dia etc?
Isso não significa que canções políticas não tenham mais lugar. A questão é que esse formato sessentista e gasto não me parece o mais contestador. E aí que uma outra banda política acaba se sobressaindo: o Radiohead.
E olha que o discurso deles tinha tudo para dar errado. Os integrantes da banda são politicamente corretos, não parecem ter lá um senso de humor muito aguçado, abraçam qualquer causa humanitária e já se inspiraram na doidivanas Naomi Klein, jornalista porta-voz dos movimentos anti-globalização.
Contudo, ao invés de adotar um discurso explícito, o Radiohead prefere canções fragmentadas e letras pouco explícitas. Sabemos, por exemplo, que 2+2=5, do Hail to the Thief (2004), é sobre George Bush. Mas pode ser sobre outro assunto, e poderá se aplicar a outras situações no futuro. Foi o que Bob Dylan fez nos anos 60, e suas canções envelheceram melhor que aquelas que criticavam explicitamente os fatos de sua época.
Além disso, é justamente por conta dessa fragmentariedade, que muitas vezes conduz a som desconfortável, que as canções do Radiohead soam contemporâneas. Talvez eles concordem com Maiakovski que, "sem forma revolucionária, não há arte revolucionária"...

Um comentário:

gaiotto disse...

o pop-rock engajado é tão importante quanto a vertente divertida. mas, como diz o texto, tudo tem limites e tudo é uma questão de estética.

a fórmula batida e surrada do protesto sessentista já torrou a paciência até dos fãs.

sou fanático assumido pelo Pearl Jam e Eddie Vedder, daqueles de ter CD original. mas não aguento mais a papagaiada do Vedder sobre política, o futuro da humanidade e sobre aquilo que ELE considera a visão de um mundo perfeito.

o engajamento deve existir, até como contraprestação social a toda montanha de dinheiro que ganham, mas deixem isso fora das músicas.

ou pelo menos usem a imaginação e proteste através da busca de novos padrões estéticos e artísticos, inovando esse rock que anda tão murchinho.

pra ver alguem falando mal de políticos eu leio o jornal. pra procurar a salvação do mundo, costuma-se ir a Igreja. quando escuto música, quero cultura e diversão, de preferência de uma maneira desafiadora.

ui! fiquei messianico? haha