28.10.08

Fofoquitas

Ô LOCO, MEU!

Depois da controvertida apresentação no Ibirapuera, Marcelo Camelo teve mais um contratempo com os paulistas. Dizem por aí que neste domingo, no quadro em que indica livros e CDs para seu dileto público, Fausto Silva apresentou a fantástica "Banda Nós". Para quem não sabe, a capa do disco solo de Camelo faz um joguinho de palavras entre "Sou" e "Nós". Provavelmente não era esse tipo de confusão que ele pretendia. A mega-gafe ainda não consta do Youtube.

GRAMMY LATINO

Esquenta a briga pelo título brasileiro de Disco de Rock na festa latina. Pitty e Detonautas disputam ponto a ponto a preferência do público para vencer a indicação. Por enquanto, a banda do intelectual Tico Santa Cruz vai levando a melhor. Esse é o prêmio sério que ele se referia ao criticar o VMB. Aliás, já deu uma passadinha no blog dele essa semana? Não perca!!

SUPERBANDAS

Corre o boato que a abertura das Olimpíadas de Londres, em 2012 (!!), ficará a cargo de uma banda formada por três desconhecidos principiantes: Mick Jagger, David Bowie e Elton John. Há ainda chances de Jimmy Page e Dave Gilmour assumirem seus postos também. Tomara que não reunam essa constelação para cantar alguma música em homenagem à princesa Daiana.

TITS?

Celebridades do mundo pop doarão para a caridade exemplares em forma de escultura de seus próprios mamilos e glândulas mamárias. A idéia é arrumar grana para uma fundação que luta contra o câncer de mama. Entre os confirmados estão Katy Perry, Kim Gordon (eca!) e... Iggy Pop.

23.10.08

Discoteca BIFEcomXUXU - Rock Gaúcho

Eles odeiam o rótulo. Mas não tenho culpa de serem do RS e fazerem rock. Um rock fodido e fantástico, aliás, como não é feito em nenhuma outra parte do país. Enquanto as gravadoras mainstream e independentes continuam focando seu mercado no Eixo, eles continuam por lá soltando, ano a ano, um disco melhor que o outro. Se o público de hoje fosse tão receptivo ao estilo quanto era nos anos 80, certamente todos esses destaques aqui embaixo seriam itens obrigatórios na coleção de qualquer amante do gênero. São raras as pessoas que ouvem e não dizem imediatamente: "por que não conheci isso antes?". Sinto o maior prazer em ajudar a divulgar essas que são as bandas nacionais preferidas da minha existência. Divirtam-se!

JUPITER MAÇÃ – A SÉTIMA EFERVESCÊNCIA (1996)

Tomei contato com isso lá por 1997 ou 1998. Foi um susto. Como alguém poderia fazer aquilo e não ser um mega rock-star, em plena metade dos anos 90? Com arranjos altamente sofisticados de Marcelo Birck (um mito do RS) e um bendito potencial chicletento em cada uma das músicas, o primeiro disco desse projeto de Flávio Basso (ex-TNT e ex-Cascavelletes) fez com que eu parasse para olhar que estava sendo feito no underground brasileiro. Hits que viraram clássicos (“Um lugar do caralho”, “Miss Lexotan 6mg” e “Pictures and Paintings”) e hits que não viraram hits por motivos que só o Brasil explica (“As tortas e as cucas”, “Eu e minha ex”, “As outras que me querem” e o mantra-morrisoniano “Essência Interior”). Um arsenal de letra inspiradas e uma bem-sucedida digestão das influências de Syd Barrett, Jim Morrison, Mutantes, Arnaldo Baptista e a Jovem Guarda fizeram desse um dos melhores discos do rock nacional.

http://www.myspace.com/jupiterapple


WANDER WILDNER - BUENOS DIAS (1999)

Segundo álbum daquele que um dia chamaram de “punk brega”. Impulsionado pelo sucesso de “Baladas Sangrentas” e a regravação do Ira! para o hit “Bebendo Vinho”, Wander aparece com esse discaço recheado de ironia, sarcasmo, punk rock e baladas... sangrentas. Um disco que traz o hino “Quase um Alcoólatra”, além de “Refrões”, “Eu queria morar em Beverly Hills”, “Jesus Voltará” e “Minha vizinha” quase consegue bater a primeira posição do imbatível Júpiter Maçã.

http://www.myspace.com/wanderwildner


VIDEOHITS – REGISTRO
SONORO OFICIAL (2001)

Sou absurdamente fanático por essa pérola em forma de crocância lançada pelo mestre Diego Medina e seu séqüito. Nessa época eu já era gente mais grandinha e lembro da bola levantada pela extinta Revista Bizz para a banda. Era tanta falação que resolvi dar uma chance e ganhei uma paixão. Recuso-me a apontar qualquer música em especial. Quem gosta desse disco é daqueles que sabe de cor e salteado a letra e os berros de cada uma das 14 cançonetas. Além de tudo, esse é o disco que fez todos os indiezinhos papagaiarem para todos os cantos que Ronnie Von era uma pérola perdida de psicodelia nacional.



BIDÊ OU BALDE – OUTUBRO OU NADA (2002)

Depois de ganharem o prêmio de Revelação MTV com “Melissa” em 2001, muitos achavam que a vida desse suposto “one hit wonder” tinha acabado. Mas Carlinhos Carneiro, Leandro Sá, o maestro Leonardo Boff e o produtor mago-dos-magos Thomas Dreher voltaram com esse ambiciosíssimo “disco conceitual” (arrrrgh!, mas é verdade) em 2002. Uma pena não ter tido o sucesso de público que merecia. As faixas “Cores Bonitas”, “Microondas”, “Bromélias”, “Matelassê” e “Hollywood #52” são das melhores melodias já escritas no pop nacional.

http://www.myspace.com/bideoubalde


CACHORRO GRANDE – CACHORRO GRANDE (2001)

Conheci o disco e a banda pelo clipe de "Sexperienced", que vez ou outra passava na MTV, lá por 2001 ou 2002. Achei bacaninha as referências aos Beatles e tal, mas o que mais me chamou a atenção foi a levada porradeira do vocal e a guitarra estilo Hendrix, que impregnava na cabeça. Acabei encontrando o CD independente, produzido por... Thomas Dreher, na "Galeria do Rock" e risquei de tanto ouvir. Daqueles discos que dá prazer de conhecer faixa a faixa e ir descobrindo uma melhor que a outra. Além dos hits instantâneos ("Sexperienced", "Debaixo do Meu Chapéu" e o apogeu "Lunático"), traz o belíssimo rock de cabaré de "Lili" e o bluesão-garageiro "Dia Perfeito", presenças obrigatórias em todos os shows da banda.

http://br.myspace.com/cachorrogrande


CASCAVELLETES – ROCK 'A' ULA (1989)

Tudo que você entende por rock gaúcho começou aqui, tenho certeza disso. Com a sensacional trinca Flávio Basso-Nei Van Soria-Frank Jorge e performances absurdamente elétricas, a banda de moleques de menos de vinte anos conquistou as rádios gaúchas, depois do resto do Brasil e até trilha sonora de novelinha global (com "Nega Bombom"). Apesar da saída de Frank Jorge antes da gravação do disco (para se dedicar à Graforréia Xilarmônica) e da ausência do hit "Menstruada", o álbum é um míssel rock´n´roll inimaginável para o Brasil daquela época. Riffs marcantes e letras debochadas e non-sense estréiam aquilo que viraria a referência dos gaúchos anos depois. Impossível não ficar viciado pela história de "Jessica Rose" ou não imaginar Mick Jagger cantando e dançando "Eu Quis Comer Você". Destaque ainda para "Gato Preto" e "Lobo da Estepe", que abrem e fecham essa sementinha do rock gaúcho atual.

http://www.myspace.com/cascavelletes

17.10.08

Dicas marotas - Kill Your Idols, Taxi Taxi! e Eli "Paperboy" Reed

KILL YOUR IDOLS: genial documentário sobre a cena pós-punk de Nova York, a qual recebeu o apelido de No Wave. Estão aqui relatos e histórias da dupla Suicide, Lydia Lunch, membros do Teenage Jesus & The Jerks, do Sonic Youth e de bandas mais novas como Liars e Yeah Yeah Yeahs. Além da questão histórica, o documentário trata do binômio underground-mainstream de forma interessante. Destaque para as diversas alfinatadas nos Strokes... Clique aqui para assistir na Pitchfork TV.


TAXI TAXI! Duo de jovens suecas que fazem delicadas canções folk movidas a violão, piano, ukulelê e, segundo o site La Blogotheque, "algo de virginal no eco de suas vozes". Vale ouvir para garantir o momento lírico do dia.

Canções: Hide this Way e Mary (via La Blogotheque).
My Space delas aqui.

ELI "PAPERBOY" REED & THE TRUE LOVERS: retrô até na capa do álbum, o guitarrista Eli "Paperboy" Reed faz uma bela mistura soul, blues e rock'n'roll. Seria ele uma versão masculina da Amy Winehouse?


Its Easier - Eli "Paperboy" Reed and The True Loves



The Satisfier - Eli "Paperboy" Reed & The True Loves

15.10.08

Believe the hype?

Apenas umas 20 pessoas assistiram à estréia de Mallu. O resto do público se aglomerava em torno do bar. Entre os espectadores, destacava-se Lúcio Ribeiro, um influente colunista de música. "Fui ver o Vanguart", diz. "Quando cheguei, Mallu já tocava. Só decidi prestar atenção porque notei que, em vez de covers, a menina cantava composições próprias e relativamente sofisticadas para alguém tão novo." Pegou os contatos dela. No dia 14, redigiu um rápido texto que a apontava como uma das promessas de 2008. O Pop­load, blog do jornalista com aproximadamente 60 mil visitas por mês, veiculou a nota. Pronto: o pavio estava aceso. Num impressionante efeito dominó, Mallu tomaria a mídia de assalto. Figurou, primeiro, em outros blogs: Don't Touch My Moleskine, de Daniela Arrais; Trabalho Sujo, de Alexandre Matias; e Vitrola, de Ronaldo Evangelista. Depois, migrou para uma reportagem do G1, o portal de notícias das Organizações Globo. Por fim, no dia 30, abocanhou a capa de dois cadernos culturais: o da Folha de S.Paulo e o do Jornal do Brasil. Àquela altura, o MySpace indicava que a página da garota superava os 70 mil acessos." (Via Bravo!)
Há muitos anos que a música pop não é só música. Está ligada a comportamento, moda, consumo, negócios etc. É claro que soa meio indigno aplicar isso ao rock, mas é uma verdade.
Nesse sentido, o "fenômeno" Mallu Magalhães não surpreende nem um pouco. Conforme a matéria que abre esse post, a divulgação da obra da compositora foi seguindo um boca a boca vagaroso até que a informação caiu nas mãos das pessoas certas. A partir daí a coisa virou hype dentro do pequenino mundo da música alternativa brasileira.
Seria o caso de considerar tudo uma enganação, portanto? Claro que não. Seria uma estupidez. Esse tipo de popularização é muito comum. Basta lembrarmos da Sub Pop subsidiando a ida do jornalista inglês Everett True para Seattle no começo dos anos 90, o que fez com que a popularidade do Grunge crescesse de forma exponencial na Europa em seguida. Ou mesmo a Pitchfork, gigante virtual do mundo alternativo, que fez um grande alvoroço ao redor do Clap Your Hands Say Yeah!, outra bandinha indie que fazia propaganda em escala minúscula.
A questão é: o Grunge ou o CYHSY não deram certo só pela ajuda da mídia. Ela canalizou as atenções de um público muito maior do que aquele que conseguiriam com uma divulgação própria. E foi esse público o real responsável pelo julgamento qualitativo dos produtos.
É claro que o sistema pode gerar distorções, destaque demasiado para um artista medíocre (famoso jabá) ou destaque zero a alguém que mereça (o que está sendo mitigado com o crescimento da importância da divulgação virtual). Mas, no fim das contas, o que acaba dando viabilidade financeira para a música pop (sim garotos, o rock'n'roll também precisa de dinheiro), é essa mercantilização, feita pelas mãos sujas de empresários e donos de gravadoras.
E, sem isso, acham que o Nirvana sairia dos $ 606 do Bleach para os $ 65.000 do Nevermind?

12.10.08

A volta dos que não foram


O CD, após cerca de 20 anos de sua popularização, se tornou algo obsoleto. Os consumidores de países civilizados preferem comprar arquivos em MP3, e o resto do mundo os baixa ilegalmente. Em comum, o fato da venda de CDs ter caído veriginosamente. E, nesse contexto, o bom e velho vinil volta a ter destaque.
Quando começou a ser substituido gradativamente, diziam por aí que o CD era mais prático (fato), poderia durar até 100 anos (mentira) e tinha um som melhor (também mentira). Agora, com a popularização dos arquivos digitais, a única vantagem real do CD cai por terra. Afinal, em um iPod podemos armazenar o equivalente a uma infinidade de CDs com uma perda de qualidade tolerável.
Mas há aqueles que não se contentam com uma pilha de arquivos e imagenzinhas minúsculas representando as capas. Preferem manusear o disco, folhear o encarte, ouvir o álbum do começo ao fim do modo como foi concebido.
E, para essa "materialização", nada melhor que o vinil, com aquela capa enorme e todo um ritual para ouvir. Sem falar no som comprovadamente melhor, a não ser que sua vitrola seja uma CCE três em um.
A questão foi recentemente capa do caderno Folhateen (só para assinantes), e já pode ser sentida em gravadoras e selos por aí, como a Rhino e a Matador, e em novas bandas. E, até essa crise estourar, dava para comprar discos de vinil importados pelo mesmo preço de CDs nacionais.
Então Bush e Paulson, dêem uma ajudinha de alguns bilhões aí pro mercado! O terceiro mundo consumidor de música agradece...

11.10.08

Fofoquitas

LOVE IS IN THE AIR

A batera dos White Stripes está arrebatando corações musiciais. O barbudo Ray LaMontagne escreveu uma declaração de amor em forma de música chamada... "Meg White". Diz a letra: "Baby, you´re the bomb/Oh Jack is great, don´t get me wrong. But this is your song". Ouça a música aqui.

KATY HENDRIX?

Em entrevista para a última edição da revista Blender, Katy Perry abriu a boca e soltou bombásticas. Disse que seu pai só se livrou do LSD por intervenção divina e que sua mãe, ex-hipponga, deu uns pegas em Jimi The Jimi Hendrix. A tiazona saiu viajar pelo mundo, encontrou o Deus da Guitarra na Espanha e mandou ver. Se ela não fosse tão Leite Ninho dava até pra espalhar um boato...


BRAZILIAN GUYS

A moçada da nova eletrônica brasileira continua por cima lá fora. O bacanudo jacuzzikillers.com novamente deu destaque nesta semana para remixes feitos pelo The Twelves e Killer on the Dancefloor. Dá uma ouvida aí nas releituras:


A CULPA É DE QUEM?

Nessa semana mais uma baixa nos shows foi anunciada: The Gossip e sua gorda cantora não vêm mais ao Brasil para o TIM Festival (FIM Festival?). Além disso, o cancelamento da novela Stone Temple Pilots foi finalmente confirmado. Uns culpam o excesso de shows; outros, o baixo público dessas bandas e, mais recentemente, a crise econômica. Escolha sua desculpa preferida e vá buscar seu dinheiro de volta.

CINCO LETRAS QUE CHORAM

Hoje, 11 de outubro de 2008, o mestre-poeta-gênio-mito Cartola completaria 100 anos. Fica aqui nossa humilde homenagem a essa figura que, certamente, é a mais incrível da história da música brasileira. "Corra e olha o céu... que o sol vem trazer bom dia"!!! Quem dera um dia a molecada toda soubesse quem foi esse cara...

10.10.08

Tropa de choque

Dois textos recentes deste blog que vos fala causou um rebuliço e alvoroço esquisitos aqui em nossos comentários, em comunidades do orkut e até em foruns de discussão de música. A reação partiu basicamente de fãs das bandas Kings of Leon, Bloc Party e Detonautas Rock Bar, que foram negativamente criticadas nos últimos posts. E o fundamento dos fundamentalistas é o mesmo: intolerância com quem não tolera os aspectos criticados em cada um desses artistas.

Entre os fãs neo-indies do KoL, na maioria pré-adolescentes, houve pouca perplexidade e muita defesa ardorosa da banda, mesmo diante de argumentos sólidos de que eles não passariam de "intérpretes" de músicas compostas por um produtor obscuro. O extrato, pasmem, foi: "e daí que eles não fazem as músicas? Continuam sendo grandes intérpretes ao vivo". Que tal Jonas Brothers e Mcfly, pessoal?

Já o pessoal de camiseta do Bloc Party não teve muito ânimo pra tentar contra-argumentar. A sucessão de notícias durante a semana fez com que até eles percebessem que o negócio foi vergonhoso mesmo e não apenas um ato-protesto como tentou fazer parecer o Thiago Ney, da Folha de São Paulo. Notícias de hoje dizem que a banda se arrependeu do que fez. Ou seja...

Caso a parte são os fãs da banda de Tico Santa Cruz. Ele mesmo, que prega a paz, a bondade, o bom senso, o "jogue lixo no lixo" e o moralismo da Zona Sul carioca, mas saiu em manchetes de jornais nessa semana por discutir com um bêbado na rua, cercado de seguranças. Já testemunhei atônito e sem querer dois shows deles abrindo para bandas que eu realmente queria ver ("fodam-se os pagodeiros", costumava dizer Tico no ápice de sua rebeldia). Andei lendo textos de seu blog e os comentários dos que gostam e cheguei à conclusão: eles se merecem. É uma bela relação simbiótica.
Fica a pergunta: como vocês conseguem?

7.10.08

VMB 2008

Há alguns anos eu costumava encarar o VMB como o evento do ano. Parava qualquer coisa naquela noite de quinta-feira para assistir à premiação. Era como o antigo Telecatch: você sabe que não é bem aquilo, mas... é tão divertido. Com o tempo fui perdendo o interesse e o saco para a festa (que parece ser algo feito mesmo para o nicho adolescente). Neste ano, acabei sendo pego com tempo livre e assisti na íntegra (ao vivo e no VT). E, para a minha surpresa, senti-me nos idos dos anos 90, curioso por cada prêmio e ansioso pelo show inusitado do próximo bloco. Foi bem interessante perceber que esse tipo de evento ainda mexe comigo, apesar de não ser mais aquele moleque que vibrava com o negócio e tal. Não sei se de fato melhorou ou eu simplesmente voltei a ser mais condescendente. Enfim...



Os destaques positivos foram o sempre-ótimo Marcelo Adnet e seu

Mano Kiabbo e a já comentada versão de "Evidências", unindo Chitãozinho & Xororó com o Fresno (coisa fina!). Mas o que mais gerou comentário, lógico, foi a parte negativa: a ridícula performance do Bloc Party e a mesmice nas premiações.


Kere Okereke e sua banda foram humilhados ao vivo e a cores depois da constrangedora dublagem de duas músicas. Na primeira, ainda tentaram enganar o povo (e eu inicialmente não percebi o truque – assim como vários que estavam na platéia balançando a cabecinha com ar de cult). Quando ouviram as vaias e se viram na cova dos leões, resolveram dar uma de descolados e "brincar" com o próprio ridículo. Nada mais MTV que isso: a auto-ironia é sempre um argumento peremptório para fugir das críticas. Se ainda faltava uma pazinha de terra no buraco dessa morimbunda banda...


No dia seguinte, a repercussão. Thiago Ney, da Folha de São Paulo, agindo como um fã adolescente do Nirvana, se prontificou a respaldar e elogiar o ridículo da banda: "foi uma enorme tiração de sarro com a MTV Brasil". E desceu saraivada na festa. Roots, hein? Inusitadamente, Marcos Borat Mion, em seu blog, mandou o sarrafo no cidadão e jogou o cocô no Wallita Juicer: a dublagem do Bloc Party foi uma sacanagem de última hora. Eles haviam passado som ao vivo à tarde e resolveram fazer o playback em cima da hora, contrariando o que havia sido combinado. Ou seja, não foi tiração de sarro. Foi desrespeito com o próprio público (?) deles por aqui e incompetência em fazer um negócio ao vivo que preste. Ponto para o Johnny Rotten e para a piadinha "quem sabe faz ao vivo" do Mion. Mas o que vale é promover a qualquer custo o festival Planeta Terra, não?


O outro lado do pagode foi levantado pelo Tico Santa Cruz, vocalista e "intelectual" do Detonautas Rock Bar. Ele, que não foi indicado a nada nesse ano, resolveu "denunciar" a farsa montada que é o VMB, um "acerto de contas entre as gravadoras e a emissora" nas palavras dele. Gênio, gênio! É esse o mesmo Detonautas que só existe até hoje por causa da... MTV? São coisas que a psicologia Chaves explica muito bem ("ah, eu nem queria mesmo"). No mesmo post em seu blog ele "lembra" aos leitores de que a banda está concorrendo ao Grammy de melhor disco de rock brasileiro. Sugerindo que essa premiação sim é confiável e mais importante. E recorda também de episódios constrangedores do passado, como ficar de fora da sala VIP mesmo sendo um dos principais concorrentes do ano. Mas ele deixa claro: NÃO é ressentimento.


Constrangimento parecido passou a nova vocalista (?) do Bonde do Role ao tentar zoar o prêmio do Polegar-indie Nx Zero. E os outros dois da banda focalizados fazendo a pose da auto-ironia. Mas não vamos chutar cachorro morto, vai. Apesar do Thiago Ney ter chamado os amigos de "gênios". A ex-vocalista Marina deve ter sentindo aquele doce gosto da vingança em casa.


O VMB é o evento de maior visibilidade e retorno financeiro para a MTV. Quanto maior a polêmica, mais certo o negócio deu. Nesse ano, sem querer querendo, o pagode saiu mais afinando do que eles pensavam. Ano que vem, trabalho dobrado. Será que vem o CSS numa volta "triunfal" ao Brasil ??? Tá bom... cheeeeega de cachorro morto!!

Pós-Post: Mallu, o fenômeno, não ganhou nada. Culpa da falta de gravadora, ou da falta de fãs?

4.10.08

Fofoquitas

CADA UM CUIDA DO SEU

A mulher-notícia Amy Winehouse está preocupada com seu nariz. Literalmente. Segundo a boateira mídia britânica, pessoas próximas à moça estão preocupadas com as conseqüências do abuso de drogas para a napa dela. Há gente que diz estar próximo de CAIR. Será que Amy se juntará a David Bowie no mito dos narizes de platina?


MAIS STROKES PARALELOS

Nikolai Fraiture, o esquisitão baixista dos Strokes, vai soltando a conta-gotas as músicas de seu novo projeto, Nickel Eye. As faixas disponíveis variam entre reggae, Strokes e... Bob Dylan. Na dylaníssima "Back From Exile" o sempre quietão Nikolai manda avisar aos "mothafuckers" (crítica?) que está de volta de seu exílio. Ao que parece a divisão dos Strokes vai gerar uma infinidade de projetos bacanas. Sorte a nossa.

VMB - MTV BRASIL

Entre ótimos shows, gafes, cenas cômicas e piadinhas insuportáveis, o fato que certamente mais se destacou no VMB 2008 foi a deprimente, lastimável, constrangedora e qualquer-coisa-mais performance de Kere Okelele e seu Bloc Party. Sob uma saraivada de vaias, a DUBLAGEM da banda assustou até o bobo Marcos Mion, que apresentava a maior atração anual da emissora. "Viva a noiteeee!"



VMB - MTV BRASIL 2

Em meio a rockeiros e alternativos descolados em geral, o destaque dos shows da noite foi a improvável e ótima união de Chitãozinho & Xororó e os emos do Fresno para cantar o clássico "Evidências". O amalgma, que já havia sido feito no programa da Coca-Cola, emocionou a platéia e fez todo mundo cantar junto o hino sertanejo.




"OH, GIRL..."

Katy Perry, a queridinha da mídia americana, manda mais uma dentro. A menina que beijou uma garota e gostou mandou ver uma bela cover-flor de um dos melhores singles do duo MGMT. A fantástica versão violãozinho para "Electric Feel" pode ser ouvida aqui embaixo.

3.10.08

Dicas marotas - M83, Okkervil River e Mercury Rev


M83 - SATURDAY = YOUTH - Belíssimo disco de abril de 2008 dessa banda francesa capitaneada pelo faz-tudo Anthony Gonzalez. Climas densos, sintetizadores a mil, melodias cuidadosamente assobiáveis e uma vocação incrível para instigar um sorriso no rosto em algumas faixas. Algo como se o My Bloody Valentine montasse uma banda com o MGMT. Destaque para a arrasa-pista "Graveyard Girl" e a arrasa-quarteirão "We Own The Sky" (dica de DG).

MYSPACE: www.myspace.com/m83

Graveyard Girl - M83

OKKERVIL RIVER - THE STAND INS - Novo álbum da banda texana liderada por Will Sheff, que antes de virar músico foi crítico do antológico Audiogalaxy. O grupo, neste disco, parece mais a vontade para criar canções com uma estrutura pop, mas com toques de experimentalismo e rock sulista. Ponto para eles, que conseguiram criar um álbum empolgante (dica de d. chiaretti).


MERCURY REV - SNOWFLAKE MIDNIGHT - Mais um lançamento, desta vez por um dos grandes ícones do rock alternativo da década de 90. Aqui o Mercury Rev leva ao extremo as experimentações do disco anterior, reduzindo as canções a frágeis estruturas permeadas por programações eletrônicas e teclados etéreos. As letras, por sua vez, seguem o mesmo estilo hippie dos discos anteriores, e o estilo das melodias continua intacto. Não é um disco tão interessante quanto os antecessores Desert's Songs, All is Dream e The Secret Migration, mas ainda vale a pena (dica de d. chiaretti).

1.10.08

Alternativo?

Numa grosseira aula de história do rock, poderia dizer que o indie atual tem suas origens próximas calcadas no post-punk, mais precisamente no college rock, que uniu a simplicidade do punk rock a uma temática mais "artística". Daí nasceram bandas como R.E.M., Sonic Youth, Pixies, Mission of Burma, Gang of Four etc.
Mas, depois de algum tempo, o Grunge veio, quebrou a tal barreira do mainstream e o alternativo, foi embora, apareceu a internet, o Pitchfork, os nerds venceram e se tornaram descolados. A partir daí, ninguém mais precisava se esforçar muito para ter acesso ao rock alternativo e, talvez por conseqüencia dessa "democratização", o indie transformou-se numa marca. Sobre o tema, há um ótimo texto do Simon Reynolds publicado no jornal inglês The Guardian.
Isso acabou gerando, ainda, uma aparente aceitação do rock alternativo como uma opção estética viável para uma boa vendagem de discos (claro que isso não vale para o Brasil). Um claro exemplo foi apontado pelo DG no post anterior, sobre a boy band rock'n'roll Kings of Leon.
Agora, por qual razão os fãs ficam tão possessos quando isso é apontado? Afinal, a música não continua sendo boa (eu discordo no caso do KoL), apesar de ter sido feita por um terceiro? Sim, pode ser, mas no rock, especialmente este supostamente alternativo, a honestidade tem um peso tremendo. As pessoas não consomem o estilo só pelas canções, mas por todo um pacote que vem sendo formatado desde as porralouquices de Jerry Lee e companhia.
Daí chegamos à pergunta: se querem algo honesto, por que ouvir Kings of Leon? Simples preguiça. Ouvir rock efetivamente alternativo ainda tem suas complicações. Não tanto quanto há alguns anos atrás, claro, mas ainda é mais simples conseguir gostar de Kings of Leon do que diversas ótimas bandas alternativas por aí, como Beirut e Okkervil River.
Portanto, querem gostar de Kings of Leon? Sem problemas. Só admitam que isso não fica muito distante de ouvir a boa e velha Britney Spears (de quem gosto muito).