29.8.08

Dicas marotas


Para encerrar o marasmo que vem assolando a MPB nos últimos anos, HOJE teremos o lançamento virtual de um dos discos mais aguardados desde o ano passado. Lançado pelo site Sonora, "Sou" de Marcelo Camelo, a julgar pelo single "Doce Solidão", é disco que promete bastante. Ao que parece, Camelo se afastará de vez do formato rockeiro, algo que vem ensaiando desde as entrevistas do lançamento de "Ventura". Coincidência ou não, ontem foi ao ar o belíssimo show na "Fundição Progresso", gravado pelo Multishow. Pela devoção dos fãs, a empreitada solo de Camelo já é um sucesso.

Link direto do disco: http://callback.terra.com.br/marcelocamelo/baixar.html



Berlin, álbum do Lou Reed de 1973, é talvez o disco mais barra pesada da história do rock: as letras falam de suicídio, mães drogadas perdendo a guarda de filhos, violência doméstica etc. As vendagens foram, obviamente, pífias, o que não impediu que o álbum entrasse para a história. Assim, em dezembro de 2006, Lou Reed reinterpretou o álbum do começo ao fim em um concerto sold out que vai virar filme e um disco pela Matador.

Aqui, uma das mais tristes baladas do disco, Caroline Says pt. II, acompanhada no backing pelo andrógeno Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons. Uma pequena amostra dos versos da canção: "Caroline says - as she gets up off the floor/Why is it that you beat me - it isn't any fun/Caroline says - as she makes up her eyes/You ought to learn more about yourself - think more than just I."


27.8.08

Politics'n'Roll

Os EUA são, como diz a famosa canção, a terra liberdade. Ao menos nas eleições: o candidato pode fazer, praticamente, o que quiser para conseguir votos. Internet, TV, comícios e até SMS são usados. E, no meio disso tudo, surgem os bons e velhos rockstars.
Nas eleições que estão de avizinhando a polarização está clara, com a massa roqueira que importa apoiando expressamente Barack Obama. Em uma série de festivais entitulados Rock for Obama vários e vários artistas colocaram suas canções a serviço do democrata: Wilco, Arcade Fire, Yo La Tengo, Superchunk, Cool Kids etc.
Faz parte do jogo, não? É quase um clichê, inclusive. Pouco importa se, na prática, Obama é tão (ou até mais) conservador que McCain. Obama tem o carisma de um progressista, e isso atrai, imediatamente, a massa roqueira.
Na verdade, isso deixa claro que, desde que o rock se tornou "sério", lá nos anos 60, o discurso político mudou pouco. Dá para perceber perfeitamente que Obama encarna esse espírito supostamente contestador, com discursos que têm certa simetria com canções de Neil Young ou qualquer outro intérprete do gênero.
Mas, no fim, tudo não deixa de ser um tanto ridículo, já que não há mais uma fração aquela rebeldia sessentista. Faz tudo parte do establishment.
Tanto faz apoiar um candidato ou outro: qualquer opção é uma grande caretice.





25.8.08

Mudhoney

Não bastassem as já confirmadas apresentações dos fodões do Mudhoney nos dias 11 e 12 de outubro no Clash, em Sampa, eles ainda conseguiram encaixar um show de graça - repito, DE GRAÇA - numa festa universitária em São Carlos.

Detalhes aqui, ó: http://festivalcontato.blogspot.com/

Se existisse um estilo alternativo-roots...

22.8.08

Fofoquitas

THE STROKES

Julian Casablancas voltou. Infelizmente não com um disco novo do Strokes. Ele está na versão americana da propaganda em homeagem aos 100 anos da marca de tênis "Converse", que recrutou artistas famosos entre o público jovem do mundo todo (no Brasil é o Lobão). Além de Julian, assinam a composição da trilha o rapper Pharell e a badalada Santogold. Haja grana. Ainda prefiro o habitat natural dele.





THE TWELVES

A frenética dupla de Niterói que foi destaque aqui no BIFEcomXUXU no post "Maximizar" está mesmo ganhando o mundo. Na última semana, o lindo remix deles para "2 Hearts" da Kylie Minogue foi destaque no bacaníssimo jacuzzikillers.com . Coisa fina!

2 HEARTS - 12s remix



COLDPLAY


Não tinha baixado o disco. É tanta coisa nova hoje em dia que os famosões a gente deixa pra depois. Tive que ser surpreendido pelo rádio. Não sou muito fã do Chris Martin nem do Coldplay, mas essa "Viva la Vida" é de uma grandiosidade que há muito eu não ouvia nesse mundo pop. Harmonia e melodias fantásticas, uma interpretação de chorar e a mega-produção de Brian Eno. Às vezes é bom morder a língua.



THE LAST SHADOW PUPPETS


Alguém já parou para ouvir esse projeto do fenômeno Alex Turner, do Arctic Monkeys, e o Miles Kane, do The Rascals? Eu e meu querido Diego Sanches já! Com pouco ou quase nada a ver com as bandas de origem dos rapazes, o disco inteiro impressiona, principalmente o single "The Age of Understatement" e seu megalomaníaco vídeo, que tá rolando direto pela MTV daqui. Vai ter talento assim lá em Sheffield!






ORQUESTRA LUNAR

Dia desses, ouvindo o Caiprinha Appreciation Society , fui fisgado por essa banda carioca. Verdadeira big band do samba da Lapa, formada exclusivamente por mulheres, faz um samba bonitão que parece ter saído lá da década de 40. Ótima produção, grandes instrumentistas e um repertório muito bem selecionado. Pena que eu tenha que ouvir um podcast de brasileiros que moram na INGLATERRA para conhecer esse tipo de coisa. Enfim... destaque para o samba "Divina Missão".
http://www.myspace.com/orquestralunar

20.8.08

Brasil

"Caetano canta com a mesma voz como há 30 anos. De óculos de leitura e cabelos brancos, o músico dá uma aula de rock com seu power trio, formado ainda por Marcelo Callado na bateria e Riardo Dias Gomes no baixo e teclado. O músicos soavam ora como os solos de microfonia de Jimi Hendrix, ora como as marcações rítmicas do grupo King Crimson, sem deixar de soar muito moderno." (Via UOL Música)

Não ouvi - e nem pretendo – o novo disco do Caetano Veloso. Creio que a música pop é uma das poucas formas de arte que permite uma erudição rápida e, de posse dessa erudição conquistada por vários anos perdendo boa parte do meu tempo com música, me dou ao direito de ser preconceituoso com um disco de rock do Caetano.
Qualquer um sabe que Caetano mudou os rumos da MPB nos anos 60. Mas alguém realmente acha que pode me convencer que um sujeito que nunca teve uma sonoridade realmente rock’n’roll vai, depois dos 60 anos, virar um roqueiro?
Se nem o Neil Young está mais agüentando o tranco...



Eu tentei, vocês viram: defendi a Mallu Magalhães como pude. Mas desisti ontem quando vi que a garota, mesmo sem discos lançados, foi indicada a vários prêmios no VMB 2008. É uma empulhação, lógico. Concordaria com um modesto Artista Revelação. Mas, Artista do Ano? Com base em quê? E aquela indicação para Show do Ano então? Tá, a menina faz shows bonitinhos, e aquela (aparência) de ingenuidade é algo espetacular. Mas, meio cedo essa indicação para alguém que fez, sei lá, 20 shows...
Contudo, não me surpreendo com isso. A MTV tem essa tradição de tentar empurrar artistas güela abaixo do público. Cachorro Grande não sai da programação há anos. O tal do Daniel Belleza até hoje participa do Rock Gol, mesmo não tendo vendido mais de 35 cópias de qualquer disco. Isso sem falar no Rock Rocket...
Mas deviam aprender que o público não é idiota e que ninguém cai tão facilmente em um conto do vigário. O tal do Daniel Belleza é a prova viva disso...



João Gilberto está (em troca de R$ 2 milhões) gentilmente tocando novamente no Brasil após 5 anos. Todos estão elogiando o show. O que me espanta é a tolerância que têm em relação à chatice, aos faniquitos e aos atrasos colossais de João Gilberto.
Por muito menos, um sujeito como Bob Dylan seria massacrado pela mídia brasileira.

18.8.08

O mundo é um moinho...

Quando você pensa que já viu de tudo, que já ouviu de tudo e que já se chocou com tudo, o Chris Cornell, aquele, que costumava ser um dos meus ídolos dos 15 anos, grava um disco com o TIMBALAND. Assim, desse jeito, como se fosse a coisa mais normal para um grunge velho. Como assim? Sei lá... o que eu to sentindo deve ser algo do tipo que os fãs dos anos 80 do U2 sentiram ao ver a constrangedora "Discoteque".


E eu achando que a infeliz regravação de Billie Jean era só de brincadeira.

http://www.myspace.com/chriscornell

15.8.08

Admirável mundo novo

Qualquer um que leia esse blog, siga nossas dicas musicais e tenha mais de 20 anos sabe como o modo de consumir música mudou drasticamente com a internet e, principalmente, a popularização da banda larga. Foi-se o tempo em que era dificílimo conseguir um CD importado e baixar uma única música digital. Agora, em alguns minutos, temos um álbum inteiro em nossos MP3 players.
E, desde o começo, as gravadoras estão esperneando. Afinal, as vendas de CDs realmente tendem a cair drasticamente neste cenário. Claro que a coisa não é tão apocalíptica assim, já que, só em 2006, a indústria vendeu US$ 2 bilhões em música digital, cifra que cresce a cada ano.
Mas, o que importa aqui é que salientar a modificação causada por esse novo cenário na forma de consumo de música, fenômeno que Chris Anderson, editor da Wired, chamou de The Long Tail.
De modo sintético, poderíamos dizer que a tal Cauda Longa se refere ao fato de que, no mundo virtual, boa parte dos custos envolvidos na produção, distribuição e alocação de produtos para entretenimento são baixíssimos. Além disso, esses custos para um hit ou para um produto menos popular são os mesmos: não há mais a preocupação do lojista em não conseguir vender aquele disco do Pavement, o qual poderia estar ocupando o lugar na prateleira de um da Ivete Sangalo. E, com tudo isso ao alcance de um clique, essa massa de produtos que não são hits passaram a constituir uma faixa de mercado maior que a dos hits. É a tal Longa Cauda do gráfico abaixo.


Lá fora essa é uma discussão já meio velha. Mas, aqui no Brasil, será que isso tem algum sentido? Em primeiro lugar, devo deixar de lado o mercado popular, já que nem todos têm acesso a internet ou podem operacionalizar a compra de material virtual. Sobra, então, uma certa “elite” que, de certa maneira, é o alvo do que escrevemos. E, para este público, creio que essa popularização de pequenos nichos funcionaria muito bem. Qualquer um que freqüenta shows de rock alternativo sabe que qualquer barraquinha com CDs das bandas consegue sempre vender alguns discos...
E o interesse desse público em música mais underground talvez impulsionasse a venda virtual de discos fora de catálogo de grandes gravadoras, os quais não encontrariam público que justificasse o lançamento em CD. Afinal, quantas cópias seriam vendidas de um disco de psicodelia brasileira dos anos 60? Definitivamente, os custos de lançamento não seriam cobertos.
Mas, infelizmente, estamos no terceiro mundo. E as idéias do mundo civilizado demoram um pouco para chegar nessas bandas....

7.8.08

Dicas Marotas

Bandinha Dí Dá Dó - Nem só o Slipknot, o Teatro Mágico e o Nx Zero se vestem de palhaços. Pense numa banda formada por 5 clowns profissionais que tocam uma mistura de rock cigano do leste europeu, tango e psicodelia setentista. Óbvio que algo surreal desse tipo só poderia ter vindo da fantástica Porto Alegre. Uma das coisas mais originais e cativantes surgidas recentemente. Ouça "Mania de Tocar" e saia dançando freneticamente!

http://www.myspace.com/bandinhadidado

4.8.08

Maximizar

Há algum tempo leio sobre uma nova leva de DJ´s brasileiros, de São Paulo, Rio e Minas, que estaria invertendo os pólos da música eletrônica até então vista por aqui. Típico do Brasil, sempre fomos atrasados e chupins em todos os estilos musicais, mas na eletrônica o troço era demais. A onda psytrace demorou horrores para aportar e até hoje muita gente pensa que é a última moda em Ibiza. O mesmo se deu com o que chamavam de minimalismo ou minimal para os entendidos, um dos últimos a chegar e que já vai indo sem deixar saudade. Sempre achei o minimal a típica música anti-festa, algo pra se ouvir em casa e tal. Mesmo assim, ainda há grande insistência em se escalar artistas desse estilo em grandes festas. Nada mais Brasil que isso.

Pra mudar um pouco esse esqueminha borocoxô, vem com tudo essa nova rapaziada que me motivou a escrever esse texto. Confesso que no começo duvidei. Jurei que era hype à la Folha de São Paulo. Mas fui seduzido por essa cambada, cada um no seu estilo mais marcante, mas todos com algo foda em comum: fazem música lá em cima, pra festa, CHEIA de elementos (daí a oposição ao minimalismo), instrumentos, misturas, influências e citações. Sem frescura e sem vergonha. É quase mais rock do que eletrônica; ao mesmo tempo tem muito de funky, de hip-hop, de New Order, de Depeche Mode e de house. Tem muito baixo, muito grave, muito sintetizador, muito remix e muita energia. Rótulos não faltam: disco-punk (2 Many DJs e Soulwax), maximalismo e até o blog house, que já citei em outro post, principalmente devido a nítida influência dos artistas da Ed Bangers Records. Seja lá o nome que for, o troço é bom demais. E espertamente ligado e atualizado com a cena eletrônica européia.

Enquanto aqui eles ainda engatinham em termos de reconhecimento, lá fora já começam a despontar e serem valorizados (grande novidade). A onda levada pelo CSS e principalmente pelo Bonde do Role pode ser uma ponte fantástica pra esse pessoal fazer a vida na Europa. Isso sem falar na presença de Iggor Cavalera, parte da dupla Mix Hell, um dos expoentes da trupe.

Pra entender do que eu to falando, fiz uma seleçãozinha caprichada que você pode conferir no Myspace.

Database - Party People (http://www.myspace.com/databasetrax)

Database - Dance or Die (http://www.myspace.com/databasetrax)

Mix Hell - The Geeks Were Right (http://www.myspace.com/mixhell)

Killer on the Dance Floor - Lost Weekend (http://www.myspace.com/killeronthedancefloorbr)

The Twelves - When You Talk (www.myspace.com/thetwelves)

The Twelves - Ce Jeu - Remix (www.myspace.com/thetwelvesremixes)

Digitaria - Plastic Population (http://www.myspace.com/digitariamusic)

Digitaria - Teen Years (http://www.myspace.com/digitariamusic)

2.8.08

Dicas Marotas

A dica é uma só. São quatro moleques de Colatina (!!!!), interior do Espírito Santo (!!!!!!!!!!), que conseguiram criar um belo hit e estão sendo falados por aí, a torto e a direito. O negócio se chama Mickey Gang e a música que não sai da cabeça é "I was born in the 90´s". Rock, electro, tecladinhos de churrascaria, backing vocals bem sacados e tudo mais.