17.12.08

O triste canto de Ney

Thiago Ney não agüentou. Há tempos criticado pela baixa qualidade e fraca repercussão de suas matérias e colunas da Folha de São Paulo, seu canto do cisne às avessas foi entoado constrangedoramente nesta semana em seu blog no site Folha Online. Nos comemorativos dos 50 anos do caderno Ilustrada, para o qual escreve, brotaram várias farpas para o atual modelo editorial e os jornalistas responsáveis pelos textos. Gente de peso falando, críticos e criticados. Todos unânimes em apontar o amesquinhamento do grande papel que sempre foi exercido pelo caderno. Vestindo confortavelmente a carapuça, Ney garganteou-se em ironias, fofocas e empáfia para tentar salvar sua carreira. Nada pior!

Como uma criança que deda os colegas ao tomar uma bronca da mãe depois da reunião da escola, Ney metralhou um a um seus detratores antes de, descoladamente, assistir a suas novas bandas preferidas em um clube adolescente de São Paulo. Justo duas daquelas bandas que ninguém ouve e do nada são hypadas, uma das maiores críticas feitas ao jornalista e ao caderno. Um tanto quanto constrangedor para um rapaz de 30 e poucos.

Herdando o vácuo deixado pelo geek Lúcio Ribeiro, Ney não soube ter a mesma destreza e influência sobre os mais jovens como tinha o antigo chefe do pedaço. Naquela época ele realmente se destacava com suas boas matérias, provavelmente sob a batuta editorial do Poploader. Ao chegarem os holofotes, Ney tremeu e sucumbiu a uma mera gangorra de amigos eletrônicos e indies, ao mundinho alternativo de São Paulo e sua patotinha fechada. Ainda, pecou por se fechar nas virtudes de seus gostos exclusivamente pessoais e dormiu na praia enquanto vários e vários fenômenos surgiram (e foram espertamente aproveitados por seu antigo chefe). Subiu nas tamancas e se esqueceu que escreve no maior caderno de cultura do país.

15.12.08

Burrata

A lista do Pitchfork a que fiz referência no penúltimo post como sendo dos melhores discos de 2008 não procede. Na verdade, a relação que o site soltou foi das melhores CAPAS de discos de 2008 e não dos discos em si. O resto tá tudo certinho!

12.12.08

Fofoquitas

MUTANTES + MIKE PATTON?

Após participação no festival inglês All Tomorrow´s Parties, Sérgio Dias está babando o ovo de Mike Patton e seus vários projetos. Segundo o persistente Mutante, "Mike Patton foi um amor e estamos cozinhando alguma participação no disco. Nosso último abraço foi de irmão e de cúmplices da experiência...”. Não consigo imaginar o tiozinho ouvindo Fantomas em alto volume. Mas, enfim, o mercado internacional sempre foi mais promissor à banda. Ainda mais nessa fase cacarética.

BANDA DE FASES

Anos após ser uma das maiores e mais rentáveis bandas de rock nacional dos anos 90, os Raimundos caminham para um fim (não acabou ainda?) melancólico. Se um dia tocaram para estádios lotados no Brasil e no exterior, semana passada fizeram uma inusitada apresentação no Outs, reduto de bandas beeeeeeeeem independentes lá na Rua Augusta. Que fase!


CASAIS MODERNOS

Quem pensava que Helio Flanders havia se ferido folkmente por ter sido trocado pelo barbudo Marcelo Camelo caiu do cavalo. Sua ex-musa, Mallu Magalhães, foi uma das estrelas da gravação do DVD do Vanguart, ocorrida ontem a noite no bar Avenida Club. Dizem por aí que quando a mega cantora entrou no palco alguns engraçadinhos entoaram da platéia: "olha só, que cara estranho que chegou!". Negócios são negócios; corações partidos a parte.

MGMT I

Confirmando a posição de destaque na lista da NME divulgada no post passado, o MGMT acaba de ser agraciado com a terceira posição dos maiores singles de 2008 segundo a Rolling Stone americana. A magnética "Time to Pretend" só perdeu para Beyoncé e Santogold, numa eleição de uma revista mais pop que qualquer outra do mundo. Vai MGMT!

MGMT II

Andrew VanWyngarden está montando um projeto paralelo, chamado Blikk Fang, com Kevin Barnes, do Of Montreal. Quem conta é o próprio Barnes: "The stuff we’ve done so far is sort of a soulful prog. It’s probably gonna be a pretty schizophrenic, crazy album”. Coisa finíssima vindo por aí em 2009.

11.12.08

NME e Pitchfork - As definitivas de 2008


Finalmente saem as aguardadas listas da NME e Pitchfork (vide errata), os dos maiores gurus do indie mundial. Confesso que a da NME serviu pra lavar minha alma e tirar minhas dúvidas sobre a "questão MGTM", que abordei nos últimos tópicos. Com o melhor disco e três singles entre os top 5 (!!!) finalmente eles tiveram a consagração que mereceram. Dentre todas as listas que juntamos aqui, a da NME me pareceu a mais coerente e menos pedante. Grande destaque também para o TV On The Radio. E que venha 2009!

NME

1. MGMT - Oracular Spectacular
2. TV On The Radio - Dear Science
3. Glasvegas - Glasvegas
4. Vampire Weekend - Vampire Weekend
5. Foals - Antidotes
6. Metronomy - Nights Out
7. Santogold - Santogold
8. Mystery Jets - 21
9. Kings Of Leon - Only By The Night
10. Friendly Fires - Friendly Fires

SINGLES

1 MGMT, "Kids"
2 Glasvegas, "Geraldine"
3 Mystery Jets, "Two Doors Down"
4 MGMT, "Time To Pretend"
5 MGMT, "Electric Feel"
6 Metronomy, "Heartbreaker"
7 Friendly Fires, "Paris Is Burning"
8 MIA, "Paper Planes"
9 Kings of Leon, "Sex On Fire"
10 Vampire Weekend, "A-Punk"


Pitchforkmedia (errata: melhores capas de 2008)

1. Deerhunter - Microcastle / Weird Era Cont.
2. TV On The Radio - Dear Science
3. No Age - Nouns
4. Hercules And Love Affair - Hercules And Love Affair
5. Fleet Foxes - Fleet Foxes
6. DJ Rupture - Uproot
7. Fucked Up - The Chemistry Of Common Life
8. Vampire Weekend - Vampire Weekend
9. Cut Copy - In Ghost Colours
10. Portishead - Third

9.12.08

Melhores de 2008 (gaiotto)

Vou fazer isso aqui em forma de lista. Sempre tenho dificuldade em eleger O disco, A música e assim vai. O ano de 2008, seguindo os dois anteriores, foi exagerado no número de bandas que pipocaram pela imprensa como apostas fantásticas. E, como sempre, a grande maioria caiu no esquecimento ou nem chegou ao conhecimento aprofundado do público em geral. O que coloco aqui são as bandas e músicas que realmente passaram trocentas vezes pelo meu playlist durante o ano e todas comentadas por aqui anteriomente. Essas listas por aí têm um cheirinho de "nunca ouvir, mas gostei". Não?

MELHOR MÚSICA:

- "Kids", MGMT
- "Electric Feel", MGMT
- "Walking on a Dream", Empire of the Sun
- "Beatle George", Jupiter Maçã
- "Viva La Vida", Coldplay
- "DVNO", Justice
- "Shut up and let me go", The Ting Tings
- "2 Hearts", The Twelves

MELHOR ALBUM:

- "Oracle Spectacular", MGMT
- "We Started Nothing", The Ting Tings
- "Uma Tarde na Fruteira", Jupiter Maçã

REVELAÇÃO DE 2008: MGMT

DECEPÇÃO DE 2008: CSS

Melhores de 2008 (IV)

Primeiramente temos o duo She & Him, formado pela atriz Zooey Deschanel e o músico M. Ward, que se juntaram para lançar um belo disco encharcado de country. Em seguida, o mais belo single do ano, A&E, do Goldfrapp.



7.12.08

Melhores de 2008 (III)

Segue agora uma amostra dos novos álbuns do veterano Nick Cave e dos novatos do Beach House



4.12.08

Listas, listas e mais listas

As principais revistas do mundo soltaram suas listas dos melhores de 2008. Fizemos uma coletânea dos dez primeiros de cada uma e colocamos aqui pra vocês, mais os cinco indicados ao Grammy 2009 de melhor disco, que saiu hoje mesmo. Faltam só os indicados da NME, que tá segurando a peteca por enquanto. Antes, óbvio, meus comentários.



GRANDE VENCEDOR: FLEET FOXES (http://www.myspace.com/fleetfoxes) - Houve de fato um oba-oba sobre essa banda durante todo o ano. Um som tranquilo, bacana, bem no estilo new-folk, tão na moda. Mas sinceramente parece tanta coisa que, pra mim, perde muito o valor.

MAIOR ESQUECIMENTO: MGMT (http://www.myspace.com/mgmt) - Não entendi. Uma das bandas mais faladas e levantadas do ano foi simplesmente esquecida em TODAS as listas. Na minha opinião, a grande revelação de 2008. Tem gente que sustena que o disco é de 2007. Há divergências nos sites sobre a data de lançamento, mas mesmo que seja, é do finalzinho e não entrou obviamente nas listas do ano passado.

MAIOR AUSÊNCIA: Mallu Mulher. Puta mundo injusto, mêo! A menina que teve mais pageviews no Myspace no mundo não foi lembrada. Que triste.

Bom... vamos ao que interessa.

Uncut

1. Third - Portishead
2. Fleet Foxes - Fleet Foxes
3. Dear science - TV on the Radio
4. For Emma, forever ago - Bon Iver
5. Vampire Weekend - Vampire Weekend
6. The seldom seen kid - Elbow
7. Stainless style - Neon Neon
8. Dig!!! Lazarus, Dig!!! - Nick Cave & The Bad Seeds
9. Only by the night - Kings of Leon
10. 22 dreams - Paul Weller

Mojo

1. Fleet Foxes - Fleet Foxes
2. The age of the understatement - The Last Shadow Puppets
3. 22 dreams - Paul Weller
4. For Emma, forever ago - Bon Iver
5. Dig!!! Lazarus, Dig!!! - Nick Cave & The Bad Seeds
6. Stay positive - The Hold Steady
7. Glasvegas - Glasvegas
8. The Week That Was - The Week That Was
9. London zoo - The Bug
10. Home before dark - Neil Diamond

Q

1. Only by the night - Kings of Leon
2. Fleet Foxes - Fleet Foxes
3. Viva la vida or Death and all his friends - Coldplay
4. Vampire Weekend - Vampire Weekend
5. Glasvegas - Glasvegas
6. Rockferry - Duffy
7. Dear science - TV on the Radio
8. The seldom seen kid - Elbow
9. Consolers of the lonely - The Raconteurs
10. Dig!!! Lazarus, Dig!!! - Nick Cave & The Bad Seeds

Paste Magazine

1. She & Him - Volume One
2. Sigur Rós - Med sud i eyrum vid spilum endalaust
3. Vampire Weekend - Vampire Weekend
4. Bon Iver - For Emma, Forever Ago
5. Okkervil River - The Stand Ins
6. Fleet Foxes - Fleet Foxes
7. Girl Talk - Feed the Animals
8. Sun Kil Moon - April
9. Lucinda Williams - Little Honey
10. Deerhunter - Microcastle

GRAMMY 2009 (indicados a Melhor Album)

• Viva La Vida Or Death And All His Friends - Coldplay
• Tha Carter III - Lil Wayne
• Year of the Gentleman - Ne-Yo
• Raising Sand - Robert Plant & Alison Krauss
• In Rainbows - Radiohead

Melhores de 2008 (II)



3.12.08

Ouça AGORA - Scott Weiland




















Perca 5 minutos de seu tempo e vá atrás desse novo CD do Scott Weiland, "Happy in Galoshes", lançado oficialmente hoje. Facinho de achar, nas melhores casas do ramo. Apesar de vacilar em algumas faixas finais, é MUITO superior ao primeiro, "12 Bar Blues" e, em muitos momentos, lembra o auge de inspiração de Weiland em "Purple", dos Stone Temple Pilots. Belas harmonias e uma bem feita mistura de instrumentos e elementos eletrônicos, aliados a uma voz cada vez mais impecável. Destaque pra ótima versão de "Fame", aquela mesma, do Bowie. E ainda as belíssimas "Missing Cleveland" , "But Not Tonight", "Paralysis" e "Killing Me Sweetly", esta uma composição tipicamente Weilandiana. Coisa boa pra esse momento tão carente de rock stars.

Ouça aqui: http://www.myspace.com/scottweiland

30.11.08

Melhores de 2008 (I)

Hora de começar esse clichê de fim de ano, não?
Minhas duas primeiras dicas de álbuns que merecem ser ouvidos:



The Stand Ins - Okkervil River



The Hungry Saw - Tindersticks

26.11.08

Fofoquitas (atualizadas)

OASIS

Até agora não entendi a genialidade do último disco da banda, tão alardeada pelos blogueiros daqui. Ouvi muitas vezes o disco até cansar e desistir. Várias músicas são boas e até empolgantes, mas é nítido que a criatividade da banda vem despencando mais que cabeceira de morro em Santa Catarina. Prova disso é a queda livre nas paradas inglesas. Se nem chegou a estar no topo, o disco agora amarga uma discreta quadragésima posição, atrás de coisas grotescas como uma coletânia do Status Quo. Esses jornalistas brasileiros... No começo as melodias assobiáveis e os hits eram o motivo para ser um devoto. Agora, a falta disso é o que supostamente faz a banda grande. Misturar fanatismo com jornalismo nunca deu certo. Nossa imprensa musical está cheia de Chico Langs...

THE KILLERS

Esses sim parecem andar bem lá pelas terras da Rainha. Capa da NME, boa resenha no The Guardian e grande repercussão do novo disco, lançado essa semana. Só no primeiro dia foram 70 mil cópias físicas vendidas, o que bastou para liderarem a parada da semana. Na frente de Axl Rose, inclusive.

THE KILLERS II

Corre ainda o boato de que a banda de Brandon Flowers escalará o M83 (já indicado aqui) como banda de abertura para a turnê americana de 2009. Podiam passar pelo Brasil, não?

GUNS N´ROSES

Falando neles, parece que a situação anda tão feia que Axl Rose está procurando divulgação de todos os modos possíveis. Segundo o site da Billboard ele arrumou confusão com o proprietário da marca de refrigerantes Dr. Pepper, que havia prometido uma lata grátis para cada americano caso o CD fosse lançado ainda esse ano. O advogado do rapaz diz que a promoção foi um "complete fiasco" e que atingiu a imagem do vocalista.

GUNS N´ROSES II

Você já ouviu? Eu ainda não.

THE STROKES

Fora de atividade há alguns vários meses, a banda sempre dá um jeito de não sair da mídia. Inventaram agora uma tal de comemoração aos 10 (????) anos da banda, com capa da NME e tudo. Parte legal: os fãs podem dar nota para as músicas da banda e organizar uma parada com as melhores. Vota aí: http://www.nme.com/index.php?class=rate&ratename=thestrokes

LOS HERMANOS

Amarante está fazendo a festa na imprensa e nos clubes da América com seu amigo Fab Moretti e o Little Joy. E o Camelo criando polêmicas em sites de fofocas com seu namoro com a "mítica" Mallu Magalhães... Que fase!
JUJUBA, MARIOLA, SEI LÁ O QUE...
O que significa a música nova de Marisa Monte? Teimei comigo mesmo ao ouvir no rádio que aquilo não era ela, apesar da voz inconfundível. Infelizmente, era. Não tem como não achar que é um jingle de alguma bomboniere. Algo me diz ainda que há vários e vários duplos-sentidos em algumas estrofes ("A hora é pra ja (ou Jah na pronuncia)!", "manda um e-mail para a Joana", entre outros), numa coisa meio Tim Maia e seu chocolate (e tem cara do "Peixoto" da música ser o Marcelo D2, amigo de Seu Jorge - compositor da desgraça). Se era atenção que queria, conseguiu.

GUESS WHO´S BACK?

André Forastieri ressurge não sei de onde e volta com site e tudo o mais. Seria o ressurgimento da boa imprensa musical brasileira? Entra lá: http://andreforastieri.com.br/

14.11.08

Shows!

Pensando friamente, ir a shows é um péssimo negócio: desconfortável, bebidas caras, risco de dividir espaço com pessoas pouco civilizadas etc. Todavia, a experiência de ver um show de rock ao vivo é insuperável. E, nesse sentido, essa foi uma ótima semana.

The Jesus & Mary Chain
Uma das atrações mais esperadas do Planeta Terra, os membros do grupo são "profissionais do rock". Não fizeram macaquices, piadinhas ou arriscaram um português sofrível. Limitaram-se a disparar belas canções barulhentas em um show que cobriu quase todos os álbuns e hits do grupo. E mostraram, ainda, que o som que faziam nos anos 80 ainda continua relevante.
Destaque para a música final, Reverence, que botou o público todo para cantar em uníssono o fatalista refrão "I wanna die".

Offspring
Para mim foi uma surpresa a escalação da banda. Tinha certeza que o grupo havia terminado em algum lugar dos anos 90. Mas até que não estava errado. O Offspring e seu gasto punk californiano são uma prova que o gênero esgotou-se lá pelo começo dos anos 90 com Green Day e cia. Ofereceram, então, hits datados para um público que não deve ter ouvido três discos na vida.
Isso sem falar na absoluta falta de educação dos fãs que abriam espaço a cotoveladas para chegar perto do palco.

Breeders
Para minha surpresa as Breeders, que concorriam com o Bloc Party no palco principal, lotaram o indie stage. Com o público na mão, as irmãs Kim e Kelley Deal alternaram hits como Cannonball, Divine Hammer e o célebre Hapiness is a Warm Gun com canções do bom último disco, Mountain Battles. Foi talvez o show mais divertido do Planeta Terra.

Kaiser Chiefs
Com meia dúzia de hits e um vocalista extremamente carismático, o grupo promoveu um belo show de encerramento do que é, atualmente, o melhor festival de música do Brasil.

R.E.M.
Era um show que não tinha motivos para dar errado: Michael Stipe é carismático, Peter Buck e Mike Mills são músicos estupendos, o último disco do grupo é muito bom e não faltam hits. Em duas horas de show, a banda passeou por todo o repertório, dando especial destaque ao ótimo Automatic For The People.
Pena que Michael Stipe seja o politicamente correto em pessoa. Exaltou Obama várias vezes, pediu ajuda para uma organização humanitária e elogiou a "beleza" paulistana...

Mallu
Por favor, abandone o blues e assuma de vez o country.

11.11.08

Interrompemos a programação

Enfim, uma banda relevante e no auge toca no Brasil.


E voltamos à programação normal...

Beatlepatia

Eu sempre desconfio da inteligência musical de fanáticos por Beatles com menos de 5 décadas de vida. E, sem qualquer exercício joão-biduísta, normalmente estou certo. Alguma pesquisa de algum grande instituto ainda vai provar que esse tipo de gente é responsável por um grande movimento de emburrecimento musical. Gosto bastante dos meninos de Liverpool, mas quando ouço alguém da minha idade dizendo que eles formam sua banda preferida lembro de minha avó, dizendo que Orlando Silva, sim, é que é cantor.

Tente essa brincadeira interna com uma pessoa que se encaixa no perfil acima. É infalível. Pergunte se ouviu algum disco novo, sei lá, Coldplay. Ela vai mentir que ouviu e soltar que é bacana, mas nada supera os arranjos de “In My Life”. Tente puxar um assunto sobre música eletrônica. Inevitavelmente a resposta vai ser que as músicas são todas iguais, chatas e conceituais e que viagem de verdade foi só o “Sgt. Peppers”. Então, vai... MPB, sei lá, Tropicália? Até tem músicas legais, mas, claro!, é tudo chupado dos quatro rapazes. Rock Nacional? O RPM foi uma verdadeira beatlemania brasileira. Rolling Stones? Sempre foram uma cópia e só fizeram sucesso quando o John Lennon, bla bla bla... Grunge? Os Beatles inventaram o grunge com “Helter Skelter”. É irritantemente engraçado e normalmente acompanhado de explicações de que foram eles que criaram a música pop e comentários de almanaque variados.

O cidadão sabe a cor da cueca que o Ringo usava no dia 23 de fevereiro de 1967 (dia da gravação de “Lovely Rita”, meo!), mas não consegue estabelecer um mínimo de cultura musical que não seja relacionada com Beatles, mesmo quando a relação feita é a mais estapafúrdia possível. Ignora-se 40 anos de música popular apoiando-se num “standard” do gosto musical refinado, o lugar-comum da preguiça cultural. Nada mais brasileiro que isso, vide as viúvas da Bossa Nova no alto de seus 25 anos de idade. É quase tão boçal como dizer que Björk é o que há de melhor na música contemporânea.

Desculpa aí, vó. Orlando Silva é que é cantor? A senhora é muito antiquada. Sou muito mais o John em “Revolution #1”. Isso sim é que é música! Aliás, tem uma história boa sobre o terceiro dia de gravação, no quarto take no estúdio...

7.11.08

Dicas Marotas

Rita Lee Mora Ao Lado - Procurando por biografias num site de livros acabei caindo nesta história da vida de Rita Lee. Comprei cego, sem indicação e não acreditando muito no potencial do livro, que, convenhamos, não é dos mais divulgados. Mas, como o preço estava baixo, resolvi aproveitar. Gratíssima surpresa. Mais pelas histórias de bastidores da música brasileira do que pela vida da rockeira, que cinge-se aquele padrão martelado dos altos e baixos com drogas e relacionamentos. Outra surpresa foi o destaque dado ao anárquico início e ao traumático fim dos Mutantes e as macabras manobras do mestre dos magos André Midani para que Rita seguisse sem "as irmãs Baptista". O fato de não ser tratada como uma biografia oficial (apesar de sê-la, na minha opinião), além de ser contado na perspectiva de uma fictícia vizinha da cantora, liberou o autor, Henrique Bartsh, para rasgar o verbo e incluir vários e vários podres de grandes personalidades da MPB, incluindo um inusitado amor canábico do intocável João Gilberto. Devore sem dó, eu garanto.



JEREMY ENIGK - CANONS

Explica aí, vai. Como esse cara consegue até hoje fazer esses absurdos da tristeza humana? Como ele consegue cantar desse jeito? Para quem não conhece, é o ex-vocalista do Sunny Day Real Estate, uma das melhores bandas que já ouvi na vida. Inspiração roubada diretamente do Orkut do grande amigo Robinson.




E pra matar a saudade de Sunny Day (bons tempos aqueles...):


28.10.08

Fofoquitas

Ô LOCO, MEU!

Depois da controvertida apresentação no Ibirapuera, Marcelo Camelo teve mais um contratempo com os paulistas. Dizem por aí que neste domingo, no quadro em que indica livros e CDs para seu dileto público, Fausto Silva apresentou a fantástica "Banda Nós". Para quem não sabe, a capa do disco solo de Camelo faz um joguinho de palavras entre "Sou" e "Nós". Provavelmente não era esse tipo de confusão que ele pretendia. A mega-gafe ainda não consta do Youtube.

GRAMMY LATINO

Esquenta a briga pelo título brasileiro de Disco de Rock na festa latina. Pitty e Detonautas disputam ponto a ponto a preferência do público para vencer a indicação. Por enquanto, a banda do intelectual Tico Santa Cruz vai levando a melhor. Esse é o prêmio sério que ele se referia ao criticar o VMB. Aliás, já deu uma passadinha no blog dele essa semana? Não perca!!

SUPERBANDAS

Corre o boato que a abertura das Olimpíadas de Londres, em 2012 (!!), ficará a cargo de uma banda formada por três desconhecidos principiantes: Mick Jagger, David Bowie e Elton John. Há ainda chances de Jimmy Page e Dave Gilmour assumirem seus postos também. Tomara que não reunam essa constelação para cantar alguma música em homenagem à princesa Daiana.

TITS?

Celebridades do mundo pop doarão para a caridade exemplares em forma de escultura de seus próprios mamilos e glândulas mamárias. A idéia é arrumar grana para uma fundação que luta contra o câncer de mama. Entre os confirmados estão Katy Perry, Kim Gordon (eca!) e... Iggy Pop.

23.10.08

Discoteca BIFEcomXUXU - Rock Gaúcho

Eles odeiam o rótulo. Mas não tenho culpa de serem do RS e fazerem rock. Um rock fodido e fantástico, aliás, como não é feito em nenhuma outra parte do país. Enquanto as gravadoras mainstream e independentes continuam focando seu mercado no Eixo, eles continuam por lá soltando, ano a ano, um disco melhor que o outro. Se o público de hoje fosse tão receptivo ao estilo quanto era nos anos 80, certamente todos esses destaques aqui embaixo seriam itens obrigatórios na coleção de qualquer amante do gênero. São raras as pessoas que ouvem e não dizem imediatamente: "por que não conheci isso antes?". Sinto o maior prazer em ajudar a divulgar essas que são as bandas nacionais preferidas da minha existência. Divirtam-se!

JUPITER MAÇÃ – A SÉTIMA EFERVESCÊNCIA (1996)

Tomei contato com isso lá por 1997 ou 1998. Foi um susto. Como alguém poderia fazer aquilo e não ser um mega rock-star, em plena metade dos anos 90? Com arranjos altamente sofisticados de Marcelo Birck (um mito do RS) e um bendito potencial chicletento em cada uma das músicas, o primeiro disco desse projeto de Flávio Basso (ex-TNT e ex-Cascavelletes) fez com que eu parasse para olhar que estava sendo feito no underground brasileiro. Hits que viraram clássicos (“Um lugar do caralho”, “Miss Lexotan 6mg” e “Pictures and Paintings”) e hits que não viraram hits por motivos que só o Brasil explica (“As tortas e as cucas”, “Eu e minha ex”, “As outras que me querem” e o mantra-morrisoniano “Essência Interior”). Um arsenal de letra inspiradas e uma bem-sucedida digestão das influências de Syd Barrett, Jim Morrison, Mutantes, Arnaldo Baptista e a Jovem Guarda fizeram desse um dos melhores discos do rock nacional.

http://www.myspace.com/jupiterapple


WANDER WILDNER - BUENOS DIAS (1999)

Segundo álbum daquele que um dia chamaram de “punk brega”. Impulsionado pelo sucesso de “Baladas Sangrentas” e a regravação do Ira! para o hit “Bebendo Vinho”, Wander aparece com esse discaço recheado de ironia, sarcasmo, punk rock e baladas... sangrentas. Um disco que traz o hino “Quase um Alcoólatra”, além de “Refrões”, “Eu queria morar em Beverly Hills”, “Jesus Voltará” e “Minha vizinha” quase consegue bater a primeira posição do imbatível Júpiter Maçã.

http://www.myspace.com/wanderwildner


VIDEOHITS – REGISTRO
SONORO OFICIAL (2001)

Sou absurdamente fanático por essa pérola em forma de crocância lançada pelo mestre Diego Medina e seu séqüito. Nessa época eu já era gente mais grandinha e lembro da bola levantada pela extinta Revista Bizz para a banda. Era tanta falação que resolvi dar uma chance e ganhei uma paixão. Recuso-me a apontar qualquer música em especial. Quem gosta desse disco é daqueles que sabe de cor e salteado a letra e os berros de cada uma das 14 cançonetas. Além de tudo, esse é o disco que fez todos os indiezinhos papagaiarem para todos os cantos que Ronnie Von era uma pérola perdida de psicodelia nacional.



BIDÊ OU BALDE – OUTUBRO OU NADA (2002)

Depois de ganharem o prêmio de Revelação MTV com “Melissa” em 2001, muitos achavam que a vida desse suposto “one hit wonder” tinha acabado. Mas Carlinhos Carneiro, Leandro Sá, o maestro Leonardo Boff e o produtor mago-dos-magos Thomas Dreher voltaram com esse ambiciosíssimo “disco conceitual” (arrrrgh!, mas é verdade) em 2002. Uma pena não ter tido o sucesso de público que merecia. As faixas “Cores Bonitas”, “Microondas”, “Bromélias”, “Matelassê” e “Hollywood #52” são das melhores melodias já escritas no pop nacional.

http://www.myspace.com/bideoubalde


CACHORRO GRANDE – CACHORRO GRANDE (2001)

Conheci o disco e a banda pelo clipe de "Sexperienced", que vez ou outra passava na MTV, lá por 2001 ou 2002. Achei bacaninha as referências aos Beatles e tal, mas o que mais me chamou a atenção foi a levada porradeira do vocal e a guitarra estilo Hendrix, que impregnava na cabeça. Acabei encontrando o CD independente, produzido por... Thomas Dreher, na "Galeria do Rock" e risquei de tanto ouvir. Daqueles discos que dá prazer de conhecer faixa a faixa e ir descobrindo uma melhor que a outra. Além dos hits instantâneos ("Sexperienced", "Debaixo do Meu Chapéu" e o apogeu "Lunático"), traz o belíssimo rock de cabaré de "Lili" e o bluesão-garageiro "Dia Perfeito", presenças obrigatórias em todos os shows da banda.

http://br.myspace.com/cachorrogrande


CASCAVELLETES – ROCK 'A' ULA (1989)

Tudo que você entende por rock gaúcho começou aqui, tenho certeza disso. Com a sensacional trinca Flávio Basso-Nei Van Soria-Frank Jorge e performances absurdamente elétricas, a banda de moleques de menos de vinte anos conquistou as rádios gaúchas, depois do resto do Brasil e até trilha sonora de novelinha global (com "Nega Bombom"). Apesar da saída de Frank Jorge antes da gravação do disco (para se dedicar à Graforréia Xilarmônica) e da ausência do hit "Menstruada", o álbum é um míssel rock´n´roll inimaginável para o Brasil daquela época. Riffs marcantes e letras debochadas e non-sense estréiam aquilo que viraria a referência dos gaúchos anos depois. Impossível não ficar viciado pela história de "Jessica Rose" ou não imaginar Mick Jagger cantando e dançando "Eu Quis Comer Você". Destaque ainda para "Gato Preto" e "Lobo da Estepe", que abrem e fecham essa sementinha do rock gaúcho atual.

http://www.myspace.com/cascavelletes

17.10.08

Dicas marotas - Kill Your Idols, Taxi Taxi! e Eli "Paperboy" Reed

KILL YOUR IDOLS: genial documentário sobre a cena pós-punk de Nova York, a qual recebeu o apelido de No Wave. Estão aqui relatos e histórias da dupla Suicide, Lydia Lunch, membros do Teenage Jesus & The Jerks, do Sonic Youth e de bandas mais novas como Liars e Yeah Yeah Yeahs. Além da questão histórica, o documentário trata do binômio underground-mainstream de forma interessante. Destaque para as diversas alfinatadas nos Strokes... Clique aqui para assistir na Pitchfork TV.


TAXI TAXI! Duo de jovens suecas que fazem delicadas canções folk movidas a violão, piano, ukulelê e, segundo o site La Blogotheque, "algo de virginal no eco de suas vozes". Vale ouvir para garantir o momento lírico do dia.

Canções: Hide this Way e Mary (via La Blogotheque).
My Space delas aqui.

ELI "PAPERBOY" REED & THE TRUE LOVERS: retrô até na capa do álbum, o guitarrista Eli "Paperboy" Reed faz uma bela mistura soul, blues e rock'n'roll. Seria ele uma versão masculina da Amy Winehouse?


Its Easier - Eli "Paperboy" Reed and The True Loves



The Satisfier - Eli "Paperboy" Reed & The True Loves

15.10.08

Believe the hype?

Apenas umas 20 pessoas assistiram à estréia de Mallu. O resto do público se aglomerava em torno do bar. Entre os espectadores, destacava-se Lúcio Ribeiro, um influente colunista de música. "Fui ver o Vanguart", diz. "Quando cheguei, Mallu já tocava. Só decidi prestar atenção porque notei que, em vez de covers, a menina cantava composições próprias e relativamente sofisticadas para alguém tão novo." Pegou os contatos dela. No dia 14, redigiu um rápido texto que a apontava como uma das promessas de 2008. O Pop­load, blog do jornalista com aproximadamente 60 mil visitas por mês, veiculou a nota. Pronto: o pavio estava aceso. Num impressionante efeito dominó, Mallu tomaria a mídia de assalto. Figurou, primeiro, em outros blogs: Don't Touch My Moleskine, de Daniela Arrais; Trabalho Sujo, de Alexandre Matias; e Vitrola, de Ronaldo Evangelista. Depois, migrou para uma reportagem do G1, o portal de notícias das Organizações Globo. Por fim, no dia 30, abocanhou a capa de dois cadernos culturais: o da Folha de S.Paulo e o do Jornal do Brasil. Àquela altura, o MySpace indicava que a página da garota superava os 70 mil acessos." (Via Bravo!)
Há muitos anos que a música pop não é só música. Está ligada a comportamento, moda, consumo, negócios etc. É claro que soa meio indigno aplicar isso ao rock, mas é uma verdade.
Nesse sentido, o "fenômeno" Mallu Magalhães não surpreende nem um pouco. Conforme a matéria que abre esse post, a divulgação da obra da compositora foi seguindo um boca a boca vagaroso até que a informação caiu nas mãos das pessoas certas. A partir daí a coisa virou hype dentro do pequenino mundo da música alternativa brasileira.
Seria o caso de considerar tudo uma enganação, portanto? Claro que não. Seria uma estupidez. Esse tipo de popularização é muito comum. Basta lembrarmos da Sub Pop subsidiando a ida do jornalista inglês Everett True para Seattle no começo dos anos 90, o que fez com que a popularidade do Grunge crescesse de forma exponencial na Europa em seguida. Ou mesmo a Pitchfork, gigante virtual do mundo alternativo, que fez um grande alvoroço ao redor do Clap Your Hands Say Yeah!, outra bandinha indie que fazia propaganda em escala minúscula.
A questão é: o Grunge ou o CYHSY não deram certo só pela ajuda da mídia. Ela canalizou as atenções de um público muito maior do que aquele que conseguiriam com uma divulgação própria. E foi esse público o real responsável pelo julgamento qualitativo dos produtos.
É claro que o sistema pode gerar distorções, destaque demasiado para um artista medíocre (famoso jabá) ou destaque zero a alguém que mereça (o que está sendo mitigado com o crescimento da importância da divulgação virtual). Mas, no fim das contas, o que acaba dando viabilidade financeira para a música pop (sim garotos, o rock'n'roll também precisa de dinheiro), é essa mercantilização, feita pelas mãos sujas de empresários e donos de gravadoras.
E, sem isso, acham que o Nirvana sairia dos $ 606 do Bleach para os $ 65.000 do Nevermind?

12.10.08

A volta dos que não foram


O CD, após cerca de 20 anos de sua popularização, se tornou algo obsoleto. Os consumidores de países civilizados preferem comprar arquivos em MP3, e o resto do mundo os baixa ilegalmente. Em comum, o fato da venda de CDs ter caído veriginosamente. E, nesse contexto, o bom e velho vinil volta a ter destaque.
Quando começou a ser substituido gradativamente, diziam por aí que o CD era mais prático (fato), poderia durar até 100 anos (mentira) e tinha um som melhor (também mentira). Agora, com a popularização dos arquivos digitais, a única vantagem real do CD cai por terra. Afinal, em um iPod podemos armazenar o equivalente a uma infinidade de CDs com uma perda de qualidade tolerável.
Mas há aqueles que não se contentam com uma pilha de arquivos e imagenzinhas minúsculas representando as capas. Preferem manusear o disco, folhear o encarte, ouvir o álbum do começo ao fim do modo como foi concebido.
E, para essa "materialização", nada melhor que o vinil, com aquela capa enorme e todo um ritual para ouvir. Sem falar no som comprovadamente melhor, a não ser que sua vitrola seja uma CCE três em um.
A questão foi recentemente capa do caderno Folhateen (só para assinantes), e já pode ser sentida em gravadoras e selos por aí, como a Rhino e a Matador, e em novas bandas. E, até essa crise estourar, dava para comprar discos de vinil importados pelo mesmo preço de CDs nacionais.
Então Bush e Paulson, dêem uma ajudinha de alguns bilhões aí pro mercado! O terceiro mundo consumidor de música agradece...

11.10.08

Fofoquitas

LOVE IS IN THE AIR

A batera dos White Stripes está arrebatando corações musiciais. O barbudo Ray LaMontagne escreveu uma declaração de amor em forma de música chamada... "Meg White". Diz a letra: "Baby, you´re the bomb/Oh Jack is great, don´t get me wrong. But this is your song". Ouça a música aqui.

KATY HENDRIX?

Em entrevista para a última edição da revista Blender, Katy Perry abriu a boca e soltou bombásticas. Disse que seu pai só se livrou do LSD por intervenção divina e que sua mãe, ex-hipponga, deu uns pegas em Jimi The Jimi Hendrix. A tiazona saiu viajar pelo mundo, encontrou o Deus da Guitarra na Espanha e mandou ver. Se ela não fosse tão Leite Ninho dava até pra espalhar um boato...


BRAZILIAN GUYS

A moçada da nova eletrônica brasileira continua por cima lá fora. O bacanudo jacuzzikillers.com novamente deu destaque nesta semana para remixes feitos pelo The Twelves e Killer on the Dancefloor. Dá uma ouvida aí nas releituras:


A CULPA É DE QUEM?

Nessa semana mais uma baixa nos shows foi anunciada: The Gossip e sua gorda cantora não vêm mais ao Brasil para o TIM Festival (FIM Festival?). Além disso, o cancelamento da novela Stone Temple Pilots foi finalmente confirmado. Uns culpam o excesso de shows; outros, o baixo público dessas bandas e, mais recentemente, a crise econômica. Escolha sua desculpa preferida e vá buscar seu dinheiro de volta.

CINCO LETRAS QUE CHORAM

Hoje, 11 de outubro de 2008, o mestre-poeta-gênio-mito Cartola completaria 100 anos. Fica aqui nossa humilde homenagem a essa figura que, certamente, é a mais incrível da história da música brasileira. "Corra e olha o céu... que o sol vem trazer bom dia"!!! Quem dera um dia a molecada toda soubesse quem foi esse cara...

10.10.08

Tropa de choque

Dois textos recentes deste blog que vos fala causou um rebuliço e alvoroço esquisitos aqui em nossos comentários, em comunidades do orkut e até em foruns de discussão de música. A reação partiu basicamente de fãs das bandas Kings of Leon, Bloc Party e Detonautas Rock Bar, que foram negativamente criticadas nos últimos posts. E o fundamento dos fundamentalistas é o mesmo: intolerância com quem não tolera os aspectos criticados em cada um desses artistas.

Entre os fãs neo-indies do KoL, na maioria pré-adolescentes, houve pouca perplexidade e muita defesa ardorosa da banda, mesmo diante de argumentos sólidos de que eles não passariam de "intérpretes" de músicas compostas por um produtor obscuro. O extrato, pasmem, foi: "e daí que eles não fazem as músicas? Continuam sendo grandes intérpretes ao vivo". Que tal Jonas Brothers e Mcfly, pessoal?

Já o pessoal de camiseta do Bloc Party não teve muito ânimo pra tentar contra-argumentar. A sucessão de notícias durante a semana fez com que até eles percebessem que o negócio foi vergonhoso mesmo e não apenas um ato-protesto como tentou fazer parecer o Thiago Ney, da Folha de São Paulo. Notícias de hoje dizem que a banda se arrependeu do que fez. Ou seja...

Caso a parte são os fãs da banda de Tico Santa Cruz. Ele mesmo, que prega a paz, a bondade, o bom senso, o "jogue lixo no lixo" e o moralismo da Zona Sul carioca, mas saiu em manchetes de jornais nessa semana por discutir com um bêbado na rua, cercado de seguranças. Já testemunhei atônito e sem querer dois shows deles abrindo para bandas que eu realmente queria ver ("fodam-se os pagodeiros", costumava dizer Tico no ápice de sua rebeldia). Andei lendo textos de seu blog e os comentários dos que gostam e cheguei à conclusão: eles se merecem. É uma bela relação simbiótica.
Fica a pergunta: como vocês conseguem?

7.10.08

VMB 2008

Há alguns anos eu costumava encarar o VMB como o evento do ano. Parava qualquer coisa naquela noite de quinta-feira para assistir à premiação. Era como o antigo Telecatch: você sabe que não é bem aquilo, mas... é tão divertido. Com o tempo fui perdendo o interesse e o saco para a festa (que parece ser algo feito mesmo para o nicho adolescente). Neste ano, acabei sendo pego com tempo livre e assisti na íntegra (ao vivo e no VT). E, para a minha surpresa, senti-me nos idos dos anos 90, curioso por cada prêmio e ansioso pelo show inusitado do próximo bloco. Foi bem interessante perceber que esse tipo de evento ainda mexe comigo, apesar de não ser mais aquele moleque que vibrava com o negócio e tal. Não sei se de fato melhorou ou eu simplesmente voltei a ser mais condescendente. Enfim...



Os destaques positivos foram o sempre-ótimo Marcelo Adnet e seu

Mano Kiabbo e a já comentada versão de "Evidências", unindo Chitãozinho & Xororó com o Fresno (coisa fina!). Mas o que mais gerou comentário, lógico, foi a parte negativa: a ridícula performance do Bloc Party e a mesmice nas premiações.


Kere Okereke e sua banda foram humilhados ao vivo e a cores depois da constrangedora dublagem de duas músicas. Na primeira, ainda tentaram enganar o povo (e eu inicialmente não percebi o truque – assim como vários que estavam na platéia balançando a cabecinha com ar de cult). Quando ouviram as vaias e se viram na cova dos leões, resolveram dar uma de descolados e "brincar" com o próprio ridículo. Nada mais MTV que isso: a auto-ironia é sempre um argumento peremptório para fugir das críticas. Se ainda faltava uma pazinha de terra no buraco dessa morimbunda banda...


No dia seguinte, a repercussão. Thiago Ney, da Folha de São Paulo, agindo como um fã adolescente do Nirvana, se prontificou a respaldar e elogiar o ridículo da banda: "foi uma enorme tiração de sarro com a MTV Brasil". E desceu saraivada na festa. Roots, hein? Inusitadamente, Marcos Borat Mion, em seu blog, mandou o sarrafo no cidadão e jogou o cocô no Wallita Juicer: a dublagem do Bloc Party foi uma sacanagem de última hora. Eles haviam passado som ao vivo à tarde e resolveram fazer o playback em cima da hora, contrariando o que havia sido combinado. Ou seja, não foi tiração de sarro. Foi desrespeito com o próprio público (?) deles por aqui e incompetência em fazer um negócio ao vivo que preste. Ponto para o Johnny Rotten e para a piadinha "quem sabe faz ao vivo" do Mion. Mas o que vale é promover a qualquer custo o festival Planeta Terra, não?


O outro lado do pagode foi levantado pelo Tico Santa Cruz, vocalista e "intelectual" do Detonautas Rock Bar. Ele, que não foi indicado a nada nesse ano, resolveu "denunciar" a farsa montada que é o VMB, um "acerto de contas entre as gravadoras e a emissora" nas palavras dele. Gênio, gênio! É esse o mesmo Detonautas que só existe até hoje por causa da... MTV? São coisas que a psicologia Chaves explica muito bem ("ah, eu nem queria mesmo"). No mesmo post em seu blog ele "lembra" aos leitores de que a banda está concorrendo ao Grammy de melhor disco de rock brasileiro. Sugerindo que essa premiação sim é confiável e mais importante. E recorda também de episódios constrangedores do passado, como ficar de fora da sala VIP mesmo sendo um dos principais concorrentes do ano. Mas ele deixa claro: NÃO é ressentimento.


Constrangimento parecido passou a nova vocalista (?) do Bonde do Role ao tentar zoar o prêmio do Polegar-indie Nx Zero. E os outros dois da banda focalizados fazendo a pose da auto-ironia. Mas não vamos chutar cachorro morto, vai. Apesar do Thiago Ney ter chamado os amigos de "gênios". A ex-vocalista Marina deve ter sentindo aquele doce gosto da vingança em casa.


O VMB é o evento de maior visibilidade e retorno financeiro para a MTV. Quanto maior a polêmica, mais certo o negócio deu. Nesse ano, sem querer querendo, o pagode saiu mais afinando do que eles pensavam. Ano que vem, trabalho dobrado. Será que vem o CSS numa volta "triunfal" ao Brasil ??? Tá bom... cheeeeega de cachorro morto!!

Pós-Post: Mallu, o fenômeno, não ganhou nada. Culpa da falta de gravadora, ou da falta de fãs?

4.10.08

Fofoquitas

CADA UM CUIDA DO SEU

A mulher-notícia Amy Winehouse está preocupada com seu nariz. Literalmente. Segundo a boateira mídia britânica, pessoas próximas à moça estão preocupadas com as conseqüências do abuso de drogas para a napa dela. Há gente que diz estar próximo de CAIR. Será que Amy se juntará a David Bowie no mito dos narizes de platina?


MAIS STROKES PARALELOS

Nikolai Fraiture, o esquisitão baixista dos Strokes, vai soltando a conta-gotas as músicas de seu novo projeto, Nickel Eye. As faixas disponíveis variam entre reggae, Strokes e... Bob Dylan. Na dylaníssima "Back From Exile" o sempre quietão Nikolai manda avisar aos "mothafuckers" (crítica?) que está de volta de seu exílio. Ao que parece a divisão dos Strokes vai gerar uma infinidade de projetos bacanas. Sorte a nossa.

VMB - MTV BRASIL

Entre ótimos shows, gafes, cenas cômicas e piadinhas insuportáveis, o fato que certamente mais se destacou no VMB 2008 foi a deprimente, lastimável, constrangedora e qualquer-coisa-mais performance de Kere Okelele e seu Bloc Party. Sob uma saraivada de vaias, a DUBLAGEM da banda assustou até o bobo Marcos Mion, que apresentava a maior atração anual da emissora. "Viva a noiteeee!"



VMB - MTV BRASIL 2

Em meio a rockeiros e alternativos descolados em geral, o destaque dos shows da noite foi a improvável e ótima união de Chitãozinho & Xororó e os emos do Fresno para cantar o clássico "Evidências". O amalgma, que já havia sido feito no programa da Coca-Cola, emocionou a platéia e fez todo mundo cantar junto o hino sertanejo.




"OH, GIRL..."

Katy Perry, a queridinha da mídia americana, manda mais uma dentro. A menina que beijou uma garota e gostou mandou ver uma bela cover-flor de um dos melhores singles do duo MGMT. A fantástica versão violãozinho para "Electric Feel" pode ser ouvida aqui embaixo.

3.10.08

Dicas marotas - M83, Okkervil River e Mercury Rev


M83 - SATURDAY = YOUTH - Belíssimo disco de abril de 2008 dessa banda francesa capitaneada pelo faz-tudo Anthony Gonzalez. Climas densos, sintetizadores a mil, melodias cuidadosamente assobiáveis e uma vocação incrível para instigar um sorriso no rosto em algumas faixas. Algo como se o My Bloody Valentine montasse uma banda com o MGMT. Destaque para a arrasa-pista "Graveyard Girl" e a arrasa-quarteirão "We Own The Sky" (dica de DG).

MYSPACE: www.myspace.com/m83

Graveyard Girl - M83

OKKERVIL RIVER - THE STAND INS - Novo álbum da banda texana liderada por Will Sheff, que antes de virar músico foi crítico do antológico Audiogalaxy. O grupo, neste disco, parece mais a vontade para criar canções com uma estrutura pop, mas com toques de experimentalismo e rock sulista. Ponto para eles, que conseguiram criar um álbum empolgante (dica de d. chiaretti).


MERCURY REV - SNOWFLAKE MIDNIGHT - Mais um lançamento, desta vez por um dos grandes ícones do rock alternativo da década de 90. Aqui o Mercury Rev leva ao extremo as experimentações do disco anterior, reduzindo as canções a frágeis estruturas permeadas por programações eletrônicas e teclados etéreos. As letras, por sua vez, seguem o mesmo estilo hippie dos discos anteriores, e o estilo das melodias continua intacto. Não é um disco tão interessante quanto os antecessores Desert's Songs, All is Dream e The Secret Migration, mas ainda vale a pena (dica de d. chiaretti).

1.10.08

Alternativo?

Numa grosseira aula de história do rock, poderia dizer que o indie atual tem suas origens próximas calcadas no post-punk, mais precisamente no college rock, que uniu a simplicidade do punk rock a uma temática mais "artística". Daí nasceram bandas como R.E.M., Sonic Youth, Pixies, Mission of Burma, Gang of Four etc.
Mas, depois de algum tempo, o Grunge veio, quebrou a tal barreira do mainstream e o alternativo, foi embora, apareceu a internet, o Pitchfork, os nerds venceram e se tornaram descolados. A partir daí, ninguém mais precisava se esforçar muito para ter acesso ao rock alternativo e, talvez por conseqüencia dessa "democratização", o indie transformou-se numa marca. Sobre o tema, há um ótimo texto do Simon Reynolds publicado no jornal inglês The Guardian.
Isso acabou gerando, ainda, uma aparente aceitação do rock alternativo como uma opção estética viável para uma boa vendagem de discos (claro que isso não vale para o Brasil). Um claro exemplo foi apontado pelo DG no post anterior, sobre a boy band rock'n'roll Kings of Leon.
Agora, por qual razão os fãs ficam tão possessos quando isso é apontado? Afinal, a música não continua sendo boa (eu discordo no caso do KoL), apesar de ter sido feita por um terceiro? Sim, pode ser, mas no rock, especialmente este supostamente alternativo, a honestidade tem um peso tremendo. As pessoas não consomem o estilo só pelas canções, mas por todo um pacote que vem sendo formatado desde as porralouquices de Jerry Lee e companhia.
Daí chegamos à pergunta: se querem algo honesto, por que ouvir Kings of Leon? Simples preguiça. Ouvir rock efetivamente alternativo ainda tem suas complicações. Não tanto quanto há alguns anos atrás, claro, mas ainda é mais simples conseguir gostar de Kings of Leon do que diversas ótimas bandas alternativas por aí, como Beirut e Okkervil River.
Portanto, querem gostar de Kings of Leon? Sem problemas. Só admitam que isso não fica muito distante de ouvir a boa e velha Britney Spears (de quem gosto muito).

29.9.08

A farsa dos irmãos Followill?

Kings of Leon é uma farsa. Pelo menos é o que dizem Álvaro Pereira Junior, em sua última coluna, e importantes sites internacionais. O boato, que sempre pareceu mais um dos mitos do showbizz, agora volta com força total devido ao lançamento do quarto disco dos supostos jecas do indie. A mente brilhante, ou quinto elemento, por trás da banda seria Angelo Petraglia (petralha?), que assina somente como Angelo a produção dos discos do KoL. Segundo tais jornalistas, os irmãos Followill seriam apenas um bando de fantoches cantando os hits compostos por Petraglia, que no passado já foi indicado ao Grammy de melhor compositor, com a música de sugestivo nome: "Belive me, baby (I Lied)".

Cético que sou, fui checar esses fortes boatos por aí e fiquei sinceramente assustado. Não só o cara "produziu" mesmo os discos, como descaradamente inclui em seu site pessoal uma pequena lista de suas composições. Com o título de "The Songs of Angelo" a página mostra os dois primeiros discos "produzidos" por ele e a lista de algumas canções nas quais ele deu sua contribuição, incluindo o cartão de visitas "Molly´s Chambers". Fuçando ainda em sites de tablaturas, outras músicas da banda são incluídas como composições do cidadão, somando-se à lista outro grande sucesso, "Red Mornig Light". Indo mais fundo, no grande site Discogs, também me decepcionei ao saber que "The Bucket" foi "produzida" por ele.

Em recente entrevista ao site da marca de guitarras Gibson, nosso amigo Angelo responde a algumas perguntas sobre o tema. E tenta, de um modo esquisito, disfarçar as suspeitas: “There was a misconception from the beginning,” explains Angelo, “where some people thought this band was put together, which is so untrue. I mean these guys have so much talent, whether it was in the beginning very raw―talent is talent. To me, it was just guys that I hit it off with and dug making music with, and the writing was really cool.”

Embora alguns críticos teimem em tapar os olhos, as bandas forjadas parecem ser algo recorrente até no nosso mundinho "alternativo". Pelo menos no caso dos KoL parece algo indubitável, infelizmente...

UPDATE: 18 de maio de 2009 - Reforçando o que já havia falado sobre a banda, o Álvaro Pereira Junior lança com mais veemência em sua coluna no Folhateen:

"Lixo, mas lixo mesmo, é uma boy band DISFARÇADA como os Kings of Leon, filhinhos de mamãe pagando de malandros, incapazes até outro dia de compor as próprias músicas. Lembra dos Backstreet Boys? As canções deles eram deles mesmos. Entre os BB e os KoL, fico com os primeiros. Fico com a honestidade.
(...)
EJECT - "Youth and Young Manhood", Kings of Leon
Primeiro álbum dos KoL. Espero que pelo menos tocar eles tenham tocado alguma coisa, porque quem compôs foi o produtor Angelo Petraglia."

UPDATE 2: O Nx Zero, sim nosso Polegar indie, fez uma versão para "Use Somebody" do último disco do KoL no "Edgar no Ar", do Multishow. A tropa de choque mirim da banda no Orkut está indignada (haha). Calma, gente. Vocês esperavam que quem fizesse a versão, o Korzus?

UPDATE 3: O single "Use Somebody" foi "produzido" por... haha

27.9.08

Fofoquitas

LANÇAMENTOS

Mais uma semana quente de novos singles. The Killers e Snow Patrol vazaram músicas novas nos sites oficiais. Já a fraca "Womanizer" de Britney Spears corre solta pelo You Tube. A música da loira foi reproduzida em duas rádios americanas que tinham autorização da gravadora para divulgá-la, mas acabou sendo gravada e, inevitavelmente, se espalhou por toda a rede. Corre dar uma olhada. Gostei bastante dessa "Human" do The Killers, que volta aos fantásticos tecladinhos do primeiro disco e deve recolocar a banda no seu devido lugar de destaque. De outro lado, a pesada "Take Back the City", do Snow Patrol, deve assustar um pouco os fãs de última hora da balada-sucesso "Open Your Eyes".

DESABAFO

Em entrevista ao Pânico nessa semana, Marcelo D2 soltou que enfrenta quase 20 processos na Justiça em razão dos samplers de música que costuma fazer em seus discos. Segundo ele, a maioria se refere a herdeiros querendo levar uma grana maior nos direitos autorais. Contou também que o neto de Eliseth Cardoso o processou por considerar que a voz de sua avó ficou parecida com a do Pato Donald (literalmente), na música "É Preciso Lutar". Apesar disso, ele solta um belíssimo single, "Desabafo", com direito a sampler de "Deixa eu Dizer", de Ivan Lins, na voz da cantora Cláudia.



REMIXES

Pra quem como eu é fanático por remixes de músicas dançantes, vale a pena dar uma ouvida no que os malucos do Soulwax fizeram com "Kids", do bombado MGMT. Ainda prefiro a original, mas ficou bacana demais. Ouça aqui!

CAMELUS BACTRIANUS

Depois de gravar o Acústico Sandy & Junior e cantar com o mito Mallú Magalhães, Marcelo Camelo fará participação especial no novo DVD de Ivete Sangalo. Junto com os Aviões do Forró. Paulo Ricardo que fique atento. Desse jeito vai perder o lugar nos shows do Padre Marcelo (o Rossi).


CAMELUS DROMEDARIUS

Entre as músicas preferidas de nosso novo Humberto Gessinger temos "Desculpe, mas eu vou chorar", de Leandro e Leonardo, "Antes de Dizer Adeus", do Sowetto, "Só pra Contrariar", do Fundo de Quintal e "Estranha Loucura", da musa Alcione. Como eu sei? Dá uma olhada na página pessoal dele no Sonora.

CAMELUS ...
"Quando [você] faz uma música muito distante do que você é, quando tem que evocar um espírito muito distante de você, enfim, se for um ritual de transformação muito radical, é pesado de se fazer como um ofício. Para mim, era muito pesado gritar, ter que me munir de um espírito, ter que me transformar a cada noite". Sobre os shows dos Los Hermanos, em mais uma de suas contagiantes entrevistas.

AGORA VAI!

Entre as várias bizarrices da lista do VMB (que a MTV apresenta no próximo dia 02/10) algo chamou mais minha atenção. Depois de concorrer (e perder) na categoria "Aposta MTV" em 2007, o Vanguart ganha nova chance de subir ao pódio, agora entre as "Revelações". Será que vai? Se não levar de novo, Hélio Flanders, vocalista da banda, poderá chorar suas pitangas com sua nova namoradinha, Mallu Magalhães, que também estará lá concorrendo, entre outros, na categoria "Melhor Show" (!?!?).

25.9.08

TV on the Radio - Dear Science

Como devem saber muito bem, boa parte da linguagem roqueira foi criada por músicos negros como Chucky Berry, Little Richard e Bo Diddley. Depois o estilo foi amplamente dominado por jovens músicos brancos, que se encarregaram, inclusive, de contribuir em estilos originariamente negros, como o blues. E o mesmo pode ser dito em relação ao soul, funk e, ainda com certos limites, ao hip-hop.
Assim, é muito interessante ouvir uma banda como o TV on the Radio, formada majoritariamente por negros nova-iorquinos, que vai contra o consenso e investe no rock. A influência de toda a música negra criada desde os acordes revolucionários de Johnny Be Goode está presente de forma marcante no disco: ritmos quebrados, alto alcance vocal, metais providenciados pelo saxofonista do grupo Antibalas Afrobeat Orchestra etc.
Mas, apesar de todos esses elementos, as canções ainda têm uma estrutura pop. É, portanto, um disco imperdível para quem quer ouvir algo diferente dentro da mesmice branca do indie rock.



19.9.08

Dicas marotas

Rodrigo Amarante chega quente! Poucos dias após o lançamento virtual do disco solo de Marcelo Camelo, a outra metade criativa dos Hermanos solta 3 aperitivos do que será o "Little Joy", seu projeto paralelo com Fab Moretti, batera dos Strokes, cujo disco completo sairá em 4 de novembro. E a fantástica voz de bêbado de esquina de Amarante casou perfeitamente com as composições mezzo reggae, mezzo Strokes com pitadas de Los Hermanos. Numa análise bem apressada, o que parecia improvável para muitos aconteceu: Amarante dá um belo salto à frente de seu antigo parceiro de banda. Enquanto Camelo tenta se enclausurar no mundinho dos gênios incompreendidos da MPB e se esmera em dar entrevistas insuportáveis, Amarante vai curtir um sol e fazer festa com sua turminha avant-garde na Califórnia. Ponto para ele!

LINK: www.myspace.com/littlejoymusic





Em meio às incertezas da turnê do Stone Temple Pilots pela América do Sul, Scott Weiland solta um surpreendente primeiro single de seu novo disco solo, "Happy Galoshes". A bela balada bowieana "Paralysis", lançada exclusivamente pelo site da Revista Spin, caberia muito bem nos recentes discos da banda-mãe de Weiland. Ao que parece, o segundo solo dele se afastará bastante do sombrio "12 Bar Blues", do longínquo 1998. Lançamento prometido para o final de novembro.

LINK: www.spin.com/articles/exclusive-stream-scott-weiland-paralysis

18.9.08

Fofoquitas

WHITE STRIPES

Jack White está tretado com a Coca-Cola. Não, ele não virou mais um compañero de Hugo Chavez. A história é que ele fez uma trilha para o novo filme do James Bond chamada "Another Way to Die". E a música, do nada, foi parar num comercial da Coca Zero na América. Ele soltou um comunicado bem puto: "We are disappointed that you first heard the song in a co-promotion for Coke Zero, rather than in its entirety". Interessante é que ele já participou da trilha de um comercial da...... Coca-Cola.


MGMT

Corre por aí que o segundo disco (duplo) da banda mais bacana a ter surgido esse ano vai ser produzido por ninguém menos que os Chemical Brothers. Em entrevista a NME eles revelaram que pretendem fazer um lado A pop e um lado B psicodélico. Ouvidos atentos. Coisa finíssima virá por aí.

JUSTICE

Continuando nos boatos sobre produtores de bandas modernosas, reza a lenda da carochinha que o aguardado próximo álbum do duo francês será produzido pelos inusitados Red Hot Chili Peppers (?!?!). Não sei não. Acho que eu preferiria o contrário. Imagina só, "Knock me Down" na versão Justice? Cruel, muito cruel.

SHOWS CANCELADOS

Não bastasse o cancelamento das apresentações do Nine Inch Nails no RS e em SP (dizem por falta de público), e a palhaçada com o show do Stone Temple Pilots em SP, agora também o mega festival Pop Rock Brasil que seria em MG não vai ser mais. Por uma briga judicial de duas rádios os mineiros vão ficar sem o festival que traria Offspring e Maroon 5. Se bem que o pessoal do queijo fresco saiu perdendo beeeeeeeeeem menos...

IMPÉRIO DO SOL

Você que gosta de MGMT, Justice e todas essas misturanças de barulhos bonitos, liga o sonzinho aí e ouve esse clipe aqui embaixo. É o primeiro single da dupla Empire of the Sun, cuja metade mais fantástica é formada por Nick Littlemore, do PNAU. A música foi lançada do nada, sem maiores avisos e tal. O disco é prometido para outubro. Na minha embasadíssima opinião, música mais bonita do segundo semestre (até agora).




16.9.08

Indienejo

As bandas indies sempre foram associadas ao mercado independente e ao modo alternativo de divulgar seus discos e promover seus shows. Isso mais na América e na Europa, onde realmente há grande espaço para esse nicho musical. Aqui no BR, como já farta e chatamente explorado, a coisa funciona mais na base do tripé brodagem+patrocínio público+burrice mercadológica, o que faz dessas bandas eternas promessas não-cumpridas. Porém, se você notar bem, quem faz as vezes do indie "roots" aqui nestas terras, queira ou não, é essa nova e gigante safra de duplas do chamado "sertanejo universitário".

É impressionantemente igual ao que ocorre lá fora com as futuras mega-bandas indies. No começo tocam em palcos menores em rodeios, normalmente de graça, distribuem CDR´s de suas demos ao público e às rádios locais e participam de qualquer tipo de evento que lhes dê alguma espécie de divulgação, inclusive os mais constrangedores. Tudo em esquema precário, sem dinheiro, sem gravadora, sem mega-empresário, sem MTV e sem qualquer tipo de brodagem. Não há super-portais de internet que invistam na promoção disso nem jornalistas pop prontos pra dar aquela "alavancadinha" na carreira dos sujeitos. Tanto que eles demoram bastante a vender discos. Tudo vai na base da pirataria e a grana entra por causa dos vários e vários shows que fazem em cidades menores.


Além do esforço absurdo dessas duplas, a divulgação em massa e em progressão geométrica é feita pelos fervorosos fãs, que passam os CD´s gravados de mão em mão, até o ponto em que viram mega-duplas sertanejas. Foi assim com César Menotti & Fabiano e Victor & Léo e está sendo com Jorge & Mateus e João Bosco & Vinícius. Fora a inesgotável fila de espera das outras duplas, que só aumenta a cada dia.


Goste ou não da música desse pessoal, não há como negar que esse é o verdadeiro mercado alternativo brasileiro. Enquanto isso, as bandinhas de rock ainda tentam fazer mais um amiguinho importante na imprensa... Mallu Magalhães o novo-folk? Sou mais esses caras, viu...