23.7.06

Black Francis? Não, Frank Black

Todo mundo que conhece os Pixies sabe quem é Black Francis. Aquele sujeito gordinho que liderou uma das bandas mais interessantes do rock alternativo, misturando imagens bizarras, letras em espanhol, barulheira e melodias, criando um estilo que influenciou incontáveis bandas na década de 90 (como Nirvana e Radiohead, só para ficar nas mais bem sucedidas).

Após o fim dos Pixies, Frank Black (e não mais Black Francis) seguiu numa carreira solo irregular junto com seus Catholics, tendo que agüentar o sucesso momentâneo de sua ex-parceira de banda Kim Deal junto das Breeders. Mas anos depois, quando nem as Breeders estavam mais no mapa da música pop, os Pixies retornaram numa bem sucedida turnê mundial, deixando todos os fãs a espera de um disco novo.


No entanto, até agora o disco não saiu. Felizmente, isso não impediu Frank Black de continuar com sua carreira solo que, após tantos anos, atingiu uma maturidade que o permitiu criar dois álbuns fantásticos: “Honeycomb” (de 2005) e o recém lançado “Fast Man, Raider Man”, ambos gravados em sessões curtas nos intervalos da turnê com os Pixies.

Nesses lançamentos, ao invés de tentar emular a fúria dos Pixies, Frank Black aceita o peso dos anos e opta por canções com os pés fincados no country e no folk. E para fazer um serviço bem feito, foram convocados diversos músicos veteranos de Nashville para a gravação. Sujeitos que, nos anos 60, criaram o que se convencionou chamar de folk-rock e country-rock. Basta dizer que muitos dos discos clássicos de Bob Dylan foram gravados exatamente da mesma forma e com os mesmos tipos de músicos.

O resultado é o melhor possível, com canções maduras, construídas com belíssimos arranjos e encharcadas de melancolia, sendo a prova cabal que Frank Black é mais do que um gordinho que adora (adorava?) berrar.

MP3s:

Strange Goodbye ("Honeycomb")
Fitzgerald ("Fast Man, Raider Man")