31.5.08

Dicas Marotas

CAIPIRINHA APPRECIATION SOCIETY

Grande dica passada pelo chapa Neubern. Direto da Universidade de Londres, dois brasileiros organizam um podcast fantástico de música brasileira underground. A intenção é divulgar para o mundo todo as brasileirinhas que estão fora do mercado das grandes gravadoras. Seleções temáticas muito bem organizadas, ideais para deixar tocar por horas enquanto você faz algo da sua vida.

28.5.08

Liberdade

"The last decade has seen an independent music revolution powered by the Internet. A developing band like OK Go rockets to national attention on the strength of a clever YouTube video. Clap Your Hands Say Yeah sells thousands of records based on blog buzz, and Sufjan Stevens sells out concert halls solely on the basis of Internet play. Fans have never had such a dizzying array of music choices before, and artists have never had an easier time reaching receptive audiences." Rock the net - musicians for net neutrality


De fato, conforme já salientado na citação que abre este post, a internet alterou completamente a forma de consumo de música na virada do século XX para o XXI: o CD foi enterrado, hypes passaram a ser criados (e destruídos) do dia para noite e o acesso a quaisquer artistas se tornou fácil e rápido, o que foi especialmente interessante para os pobres cidadãos do terceiro mundo.
Neste sentido, interessantíssimo o movimento Rock the Net, que busca uma chamada "neutralidade" na rede. Isso quer dizer que qualquer pessoa com acesso à internet deve ter direito a acessar, diretamente, o conteúdo legal disponibilizado pelos artistas, sem qualquer tipo de "intermediário".
Hoje em dia não é assim? Sim, é. Tanto o BIFEcomXUXU quanto o site oficial do U2 têm em tese, a mesma acessibilidade. Mas a organização citada afirma que certos provedores querem alterar essa igualdade, fazendo com que quem possa pagar mais tenham conexões melhores de internet. E iria então, pelo ralo, um dos pontos que possibilitariam uma maior competição entre os artistas independentes e aqueles do mainstream.
O cerne na questão está, portanto, em evitar que as grandes gravadoras reconquistem parte do poder perdido pela internet após o aumento de competitividade diante dos independentes. Quem perde? Nós, claro.
Mas, vale notar uma ressalva interessante no projeto: ele deixa claro que o acesso à conteúdo legal deve ser igualitário. Ora, um excesso de "liberdade" na obtenção de música, especialmente por meios ilícitos, tende a empobrecer a indústria, diminuir o investimento e, quem perde? Nós, claro.
Tudo isso serve para mostrar claramente que, com a internet, o consumidor de música passou a ter um enorme poder de decidir. Resta saber se ele sabe lidar com isso...

26.5.08

Cumpadre Washington: O Timbaland tupiniquim?

O rock nacional está no limbo. E não é de hoje. O fervor criativo e a extrema popularidade vividos nas décadas de 80 e 90 submergiram a uma infeliz sobrevivência meramente mercadológica. O BRock existe apenas porque tem que existir como nicho de mercado e não pertence mais ao grande público. E tudo isso por incompetência dos chefões em alavancar e sustentar o sucesso das bandas desorientadas e mal exploradas que existem por aqui.

Há alguns anos o cenário das grandes bandas divide-se basicamente em duas vertentes-referência: Charlie Brown Jr. e CPM22.

A banda de Chorão é a última a existir naqueles vultuosos padrões antigos, de banda-elefante, com clipes caríssimos, mega-shows e esquema de marketing extremamente profissional. Rebentos: Tihuana, O Surto, Detonautas e o recente Strike. Todos de sucesso efêmero e fadados ao esquecimento. Vide a constrangedora nova música de trabalho de Tico Santa Cruz.

De outro lado, o movimento “sou emo, mas não sou” de Badauí e companhia. Bem articulado e especialmente antenado com as modinhas internacionais. Ainda abocanha uma fatia importante do mercado, graças principalmente ao sucesso do nosso “Polegar” indie, o NX Zero. Mas o próprio CPM22 já mostra desgaste e outras apostas, como Fresno, For Fun e Hateen, não passaram de one hit wonders.

Nosso último sopro lírico, Los Hermanos (a terceira via), teve morte prematura e deixou saudade apenas aos fervorosos fãs. O grande público nem imagina que eles tenham discos além “daquele que tem Ana Júlia”.

E o porquê disso tudo? Culpa das bandas? Claro que não! Não há como obrigar alguém a fazer um som que cative e existem MUITAS bandas sub-aproveitadas fazendo música boa por aí. E o público? Também não. Por mais desqualificada que seja a nossa massa de consumidores, há um limite de (in)tolerância.

O sucesso se faz basicamente com a união de grandes melodias com esquemas certeiros e agressivos de propaganda e marketing (bem sabem os ingleses). E essa última parcela da adição nossos empresários e produtores do rock ainda não aprenderam a decifrar. Lá fora trouxeram produtores de rap para enlatar as bandas e botá-las de volta nas paradas. Talvez nossa solução esteja nos empresários e produtores de axé music.

25.5.08

Comentários

Recebemos reclamações sobre o mal funcionamento da área de comentários do blog. Bom, mudamos o sistema e acho que agora a coisa tá funcionando!

22.5.08

Dicas Marotas

BIFEcomXUXU orgulhosamente traz para vocês neste final de semana as faixas que já vazaram do "Red Album", o novo do Weezer, esse aí com a capinha rrrridícula. Ao que parece o disco seguirá a tendência iniciada com o "Maladroit", estilo bem diferente daquele que consagrou a banda no mundinho alternativo. Ouve aí e fala o que achou.

WEEZER - RED ALBUM DOWNLOAD

21.5.08

Listas

Em livro recentemente lançado no Brasil, chamado “Como falar de livros que não lemos”, o francês Pierre Bayard disserta sobre a possibilidade que os interessados em literatura têm de discutir sobre a importância estética, histórica etc de obras sem nunca tê-las lidos. De fato, qualquer um minimamente interessado em literatura sabe o que significa a obra de Shakespeare ou James Joyce, mas talvez nunca tenha lido Hamlet ou Ulisses.
A crítica, na minha opinião, acaba atingindo um típico mal contemporâneo: a vontade (ou até necessidade) de tentar abarcar o máximo possível de cultura de forma ordenada. E aí surge uma instituição famosíssima na música pop: as listas de melhores discos, canções, compositores etc.
E, numa de minhas perambulações pela internet, encontrei o site Lists of Bests, que organiza diversas listas e, pasmem, calcula quão perto você está de completá-las. Descobri, por exemplo, que cumpri 39% da lista de melhores filmes da Time Magazine, e apenas 11% dos livros essenciais segundo jornal Guardian.
Para mim, este site simboliza bem esta necessidade que muitos temos de consumir o máximo possível de cultura, especialmente os “essenciais” de cada gênero artístico. Mas fato é, e isso é apontado no livro de Pierre Bayard, que acabamos perdendo muita coisa no caminho: esquecemos livros inteiros, quadros, discos etc. Sobram apenas fragmentos, ou mesmo meras sensações e opiniões sobre a obra.
Então, o essencial é o processo, não? Ou seja, aquele “impacto” que a canção causa, o prazer de ouvi-la. Ou mesmo aquela insistência em “entender” um disco mais difícil, que depois de algumas ouvidas se torna espetacular.
Concluo, portanto, que as listas são úteis e tal, e que vale a pena descobrir os “discos essenciais”. Mas sem esquecer do principal: gostar de ouvi-los.

19.5.08

Amy & Doherty

Que ele precisa disso para tentar manter sua "carreira" em pé todos sabem. Mas o que leva uma artista como Amy Whinehouse a se sujeitar a esse tipo de flagrante preparado? Talvez o mesmo motivo que leve Ronalducho, Britney, Michael Jackson, Kurt Cobain, Michael Hutchence e tantos outros a fazerem o que fizeram.

A fama pira a cabeça das pessoas ou esse tipo de pessoa pira de vez com a fama (ou a falta dela)?



Vídeo mostra Amy Winehouse e Pete Doherty fumando crack

16.5.08

Dicas Marotas

Postaremos toda sexta-feira dicas marotas para incrementar seu final de semana. Logo de cara, dois ótimos discos:



Merle Haggard - "I'm Lonesome Fugitive"
Esqueçam o rock alternativo um pouco e voltem para as raízes. "I'm Lonesome Fugitive" é um disco de country lançado em 1967 por Merle Haggard, que traz todos os clichês do gênero: canções sobre prisão, solitários errantes, bebedeiras etc. Imperdível para quem gosta de Johnny Cash, Bob Dylan e companhia.
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Guided by Voices - "Alien Lanes"
Daquela época em que se comprava um disco para ouví-lo de cabo a rabo, decorando a seqüência das faixas. Obra-prima de Robert Pollard, certamente o mais injustiçado e incompreendido hitmakers dos anos 90. Barulheira e belíssimas melodias pop lo-fi. Discaço, daqueles pra sair por aí assoviando.
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14.5.08

Elogio à intolerância

Em matéria de música pop - ou até arte como um todo - acho que um certo tipo de intolerância é essencial, já que determinados ouvintes tendem a tolerar qualquer porcaria lançada pelo seu nicho favorito.
Um primeiro exemplo já foi dado pelo Gaiotto na coluna passada, que é o da tolerância aos "grandes ícones" da música.
Outra classe comum é o que eu chamo de "tolerantes com os queridinhos da Pitchfork", que, para quem não sabe, é aquele ótimo site norte-americano que revolucionou a crítica musical na internet. Mas, alguém realmente gosta "Bros" do Panda Bear, escolhida por eles a terceira melhor canção de 2007, só para ficar em um exemplo?
Por fim, destaco os tolerantes com o rock alternativo brasileiro. É aquele pessoal que ouve e gosta de uma banda só porque ela é, hmm, brasileira! Pouco importa se ela é uma porcaria, se em 15 minutos na internet você arruma uma gringa melhor ou se elas nunca seriam chamadas para tocar em bar nenhum na Inglaterra. Pois, para mim, banda boa, em qualquer parte do mundo, tem que competir, justamente, com o resto do mundo.
Por isso, convoco todos à intolerância e ao ódio às porcarias!

12.5.08

Os intocáveis


Inexplicavelmente alguns artistas são imunes a críticas negativas. E, convenhamos, isso é muito chato e extremamente contraproducente. Discos patéticos, atitudes constrangedoras e discursos contraditórios. Nada disso é suficiente para que lhes lancem um tomatinho que seja. Em alguns casos parece que o próprio artista se joga numa furada pra testar e comprovar essa imunidade, ou até pra dar uma zoada nos críticos e fãs (o que é fantástico). Eis aqui meu TOP 4 dos artistas intocáveis:


Bob Dylan – O mito da nova juventude intelectualizada brasileira. Ele não era tão adorado assim nem na época dos seus pais, mas estamos no Brasil, né meo. Até quando fez música chata de igreja foi considerado gênio. E uma dica: renegue os discos mais famosos e os clássicos que foram gravados por outras bandas. Nunca fale que você gosta de "Knockin´ on Heaven´s Door". Nem que "All Along The Watchtower" é melhor com o Hendrix. Você será linchado.


Beatles – Se for fazer uma lista de melhores discos de todos os tempos, coloque pelos menos 5 deles entre os dez primeiros. Mesmo que você tenha 13 anos e nunca tenha escutado algo além de Yesterday e Twist and Shout tocados por seu tio em um churrasco. Fale que não há banda que entenda mais de harmonia, melodia e experimentação musical, mesmo que não saiba de cabeça todas as notas musicais. Acha o "Álbum Branco" meio chato e repetitivo? NUNCA repita isso.


Radiohead – Desista de achar algum disco deles chato. Isso nunca vai acontecer. Se não gostar, guarde esse sentimento ignóbil. A dupla "Kid A" e "Amnesiac" são marcos do pós-rock. Mas... O que é pós-rock? Sim, você deve ter um déficit de cultura musical muito grande para não entender este termo e esses discos. Não se preocupe, apenas repita comigo: tudo o que eles lançarem de hoje em diante é genial (e pós-rock).


Chico Buarque – Se quiser fazer amigos pseudo-intelectuais, nunca fale mal dele. Principalmente em algum centro acadêmico de universidade pública. Isso pode ser fatal. Foi criticado apenas uma vez na vida, por homens casados e não integrantes de "movimentos de esquerda", ao ser pego bolinando a mulher do próximo em uma praia carioca. Só. Não é permitido falar nem que ele canta mal. Há sempre uma desculpa pronta para rebater essa crítica. "Mas, ele colocou uma música na novela das oito, apesar de jurar a vida inteira que isso seria como mandar a filha pra zona!". Cante "Metamorfose Ambulante" pra quem disser isso e diga que o grande artista é aquele que se reinventa a cada momento, ou não.

Diretamente do mundo dos mortos...

O BIFEcomXUXU está de volta à vida!