12.11.09

O novo-velho grunge

Jogada de marketing ou processo natural, fato é que o grunge volta forte à cena da música. E jogamos aqui alguns comentários sobre os recentes lançamentos de Pearl Jam e Alice in Chains, dois dos maiores expoentes daquela bagunça acontecida há cerca de 20 anos atrás. Ô, Chris Cornell! Larga o Timbaland e volta pro Soundgarden, vai.


PEARL JAM – BACKSPACER

A eleição de Obama foi o maior acontecimento em prol do Pearl Jam desde o início da banda. Apesar de alguns leves resquícios, finalmente o gênio Eddie Vedder deixa de lado o proselitismo bobo e enfadonho dos últimos discos e volta a fazer o que sabe, deixando em casa a carteirinha do Bono Vox Club. Um esporro de apenas 36 minutos que resgata o binômio fúria/leveza que consagrou o movimento de Seattle. Desde “Yield” não vejo uma seqüência de abertura tão poderosa, com “Gonna See My Friend”, “Got Some” e “The Fixer”, esta com seu refrão grudento feito para arenas. Outros grandes destaques são as baladas “Just Breathe” e a forte “The End”. Essa mudança de ares certamente está relacionada à volta da parceria com o produtor Brendan O'Brien – que trabalhou em “Vs”, “Vitalogy”, “No Code” e “Yield”, a fase de ouro da banda. Outro ponto a ser observado é o fato de Vedder ter reassumido às rédeas das composições, fazendo a quase totalidade das músicas e tornando o álbum mais coeso que seus dois anteriores. Não repetirá o sucesso de outrora, mas felizmente recoloca a banda em seu rumo. Até as próximas eleições ao menos.


ALICE IN CHAINS – BLACK GIVES WAY TO BLUE

Bem ou mal, é inegável que se trata de um disco que faz reviver aquele Alice in Chains mais pesadão e sujo, principalmente do disco homônimo de 1995. Porém, também é nítido que, sem a alma rasgada do falecido Layne Staley, a banda se resume a um bom grupo de metal. É como um grande restaurante que perde seu renomado chef. As paredes são as mesmas, as panelas são as mesmas, os funcionários são os mesmos, o fogão é o mesmo, até o dono é o mesmo... e o cara novo contratado chega a dar conta das receitas. Mas... falta aquele tempero essencial, o diferencial que faz o cliente ir atrás do negócio. Os maiores destaques são as porradas “Check My Brain” e “A Look in View”, composições no formato clássico de Cantrell. A bela balada de encerramento, “Black Gives Way to Blue”, é uma homenagem em forma de esperança, que jamais seria cantada por Staley. Fica a sensação que o novo vocalista, William DuVall, é um músico contratado totalmente dispensável e que Jerry Cantrell conseguiria levar o barco sozinho. Esperava mais do disco, principalmente em razão dos dois singles vazados antes do lançamento oficial.

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