23.10.08

Discoteca BIFEcomXUXU - Rock Gaúcho

Eles odeiam o rótulo. Mas não tenho culpa de serem do RS e fazerem rock. Um rock fodido e fantástico, aliás, como não é feito em nenhuma outra parte do país. Enquanto as gravadoras mainstream e independentes continuam focando seu mercado no Eixo, eles continuam por lá soltando, ano a ano, um disco melhor que o outro. Se o público de hoje fosse tão receptivo ao estilo quanto era nos anos 80, certamente todos esses destaques aqui embaixo seriam itens obrigatórios na coleção de qualquer amante do gênero. São raras as pessoas que ouvem e não dizem imediatamente: "por que não conheci isso antes?". Sinto o maior prazer em ajudar a divulgar essas que são as bandas nacionais preferidas da minha existência. Divirtam-se!

JUPITER MAÇÃ – A SÉTIMA EFERVESCÊNCIA (1996)

Tomei contato com isso lá por 1997 ou 1998. Foi um susto. Como alguém poderia fazer aquilo e não ser um mega rock-star, em plena metade dos anos 90? Com arranjos altamente sofisticados de Marcelo Birck (um mito do RS) e um bendito potencial chicletento em cada uma das músicas, o primeiro disco desse projeto de Flávio Basso (ex-TNT e ex-Cascavelletes) fez com que eu parasse para olhar que estava sendo feito no underground brasileiro. Hits que viraram clássicos (“Um lugar do caralho”, “Miss Lexotan 6mg” e “Pictures and Paintings”) e hits que não viraram hits por motivos que só o Brasil explica (“As tortas e as cucas”, “Eu e minha ex”, “As outras que me querem” e o mantra-morrisoniano “Essência Interior”). Um arsenal de letra inspiradas e uma bem-sucedida digestão das influências de Syd Barrett, Jim Morrison, Mutantes, Arnaldo Baptista e a Jovem Guarda fizeram desse um dos melhores discos do rock nacional.

http://www.myspace.com/jupiterapple


WANDER WILDNER - BUENOS DIAS (1999)

Segundo álbum daquele que um dia chamaram de “punk brega”. Impulsionado pelo sucesso de “Baladas Sangrentas” e a regravação do Ira! para o hit “Bebendo Vinho”, Wander aparece com esse discaço recheado de ironia, sarcasmo, punk rock e baladas... sangrentas. Um disco que traz o hino “Quase um Alcoólatra”, além de “Refrões”, “Eu queria morar em Beverly Hills”, “Jesus Voltará” e “Minha vizinha” quase consegue bater a primeira posição do imbatível Júpiter Maçã.

http://www.myspace.com/wanderwildner


VIDEOHITS – REGISTRO
SONORO OFICIAL (2001)

Sou absurdamente fanático por essa pérola em forma de crocância lançada pelo mestre Diego Medina e seu séqüito. Nessa época eu já era gente mais grandinha e lembro da bola levantada pela extinta Revista Bizz para a banda. Era tanta falação que resolvi dar uma chance e ganhei uma paixão. Recuso-me a apontar qualquer música em especial. Quem gosta desse disco é daqueles que sabe de cor e salteado a letra e os berros de cada uma das 14 cançonetas. Além de tudo, esse é o disco que fez todos os indiezinhos papagaiarem para todos os cantos que Ronnie Von era uma pérola perdida de psicodelia nacional.



BIDÊ OU BALDE – OUTUBRO OU NADA (2002)

Depois de ganharem o prêmio de Revelação MTV com “Melissa” em 2001, muitos achavam que a vida desse suposto “one hit wonder” tinha acabado. Mas Carlinhos Carneiro, Leandro Sá, o maestro Leonardo Boff e o produtor mago-dos-magos Thomas Dreher voltaram com esse ambiciosíssimo “disco conceitual” (arrrrgh!, mas é verdade) em 2002. Uma pena não ter tido o sucesso de público que merecia. As faixas “Cores Bonitas”, “Microondas”, “Bromélias”, “Matelassê” e “Hollywood #52” são das melhores melodias já escritas no pop nacional.

http://www.myspace.com/bideoubalde


CACHORRO GRANDE – CACHORRO GRANDE (2001)

Conheci o disco e a banda pelo clipe de "Sexperienced", que vez ou outra passava na MTV, lá por 2001 ou 2002. Achei bacaninha as referências aos Beatles e tal, mas o que mais me chamou a atenção foi a levada porradeira do vocal e a guitarra estilo Hendrix, que impregnava na cabeça. Acabei encontrando o CD independente, produzido por... Thomas Dreher, na "Galeria do Rock" e risquei de tanto ouvir. Daqueles discos que dá prazer de conhecer faixa a faixa e ir descobrindo uma melhor que a outra. Além dos hits instantâneos ("Sexperienced", "Debaixo do Meu Chapéu" e o apogeu "Lunático"), traz o belíssimo rock de cabaré de "Lili" e o bluesão-garageiro "Dia Perfeito", presenças obrigatórias em todos os shows da banda.

http://br.myspace.com/cachorrogrande


CASCAVELLETES – ROCK 'A' ULA (1989)

Tudo que você entende por rock gaúcho começou aqui, tenho certeza disso. Com a sensacional trinca Flávio Basso-Nei Van Soria-Frank Jorge e performances absurdamente elétricas, a banda de moleques de menos de vinte anos conquistou as rádios gaúchas, depois do resto do Brasil e até trilha sonora de novelinha global (com "Nega Bombom"). Apesar da saída de Frank Jorge antes da gravação do disco (para se dedicar à Graforréia Xilarmônica) e da ausência do hit "Menstruada", o álbum é um míssel rock´n´roll inimaginável para o Brasil daquela época. Riffs marcantes e letras debochadas e non-sense estréiam aquilo que viraria a referência dos gaúchos anos depois. Impossível não ficar viciado pela história de "Jessica Rose" ou não imaginar Mick Jagger cantando e dançando "Eu Quis Comer Você". Destaque ainda para "Gato Preto" e "Lobo da Estepe", que abrem e fecham essa sementinha do rock gaúcho atual.

http://www.myspace.com/cascavelletes

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