1.10.08

Alternativo?

Numa grosseira aula de história do rock, poderia dizer que o indie atual tem suas origens próximas calcadas no post-punk, mais precisamente no college rock, que uniu a simplicidade do punk rock a uma temática mais "artística". Daí nasceram bandas como R.E.M., Sonic Youth, Pixies, Mission of Burma, Gang of Four etc.
Mas, depois de algum tempo, o Grunge veio, quebrou a tal barreira do mainstream e o alternativo, foi embora, apareceu a internet, o Pitchfork, os nerds venceram e se tornaram descolados. A partir daí, ninguém mais precisava se esforçar muito para ter acesso ao rock alternativo e, talvez por conseqüencia dessa "democratização", o indie transformou-se numa marca. Sobre o tema, há um ótimo texto do Simon Reynolds publicado no jornal inglês The Guardian.
Isso acabou gerando, ainda, uma aparente aceitação do rock alternativo como uma opção estética viável para uma boa vendagem de discos (claro que isso não vale para o Brasil). Um claro exemplo foi apontado pelo DG no post anterior, sobre a boy band rock'n'roll Kings of Leon.
Agora, por qual razão os fãs ficam tão possessos quando isso é apontado? Afinal, a música não continua sendo boa (eu discordo no caso do KoL), apesar de ter sido feita por um terceiro? Sim, pode ser, mas no rock, especialmente este supostamente alternativo, a honestidade tem um peso tremendo. As pessoas não consomem o estilo só pelas canções, mas por todo um pacote que vem sendo formatado desde as porralouquices de Jerry Lee e companhia.
Daí chegamos à pergunta: se querem algo honesto, por que ouvir Kings of Leon? Simples preguiça. Ouvir rock efetivamente alternativo ainda tem suas complicações. Não tanto quanto há alguns anos atrás, claro, mas ainda é mais simples conseguir gostar de Kings of Leon do que diversas ótimas bandas alternativas por aí, como Beirut e Okkervil River.
Portanto, querem gostar de Kings of Leon? Sem problemas. Só admitam que isso não fica muito distante de ouvir a boa e velha Britney Spears (de quem gosto muito).

Um comentário:

gaiotto disse...

de fato a "estética indie" virou algo altamente rentável, para horror de seus simpatizantes.

sobre a reação dos fãs do KoL a esse pobre coitado blog, sinceramente não entendo. Eu ficaria puto da vida se um dia soubesse que não foi o Kurt Cobain quem escreveu as músicas do Nirvana, por exemplo.

Mas, enfim, estamos no Brasil-il-il!