15.8.08

Admirável mundo novo

Qualquer um que leia esse blog, siga nossas dicas musicais e tenha mais de 20 anos sabe como o modo de consumir música mudou drasticamente com a internet e, principalmente, a popularização da banda larga. Foi-se o tempo em que era dificílimo conseguir um CD importado e baixar uma única música digital. Agora, em alguns minutos, temos um álbum inteiro em nossos MP3 players.
E, desde o começo, as gravadoras estão esperneando. Afinal, as vendas de CDs realmente tendem a cair drasticamente neste cenário. Claro que a coisa não é tão apocalíptica assim, já que, só em 2006, a indústria vendeu US$ 2 bilhões em música digital, cifra que cresce a cada ano.
Mas, o que importa aqui é que salientar a modificação causada por esse novo cenário na forma de consumo de música, fenômeno que Chris Anderson, editor da Wired, chamou de The Long Tail.
De modo sintético, poderíamos dizer que a tal Cauda Longa se refere ao fato de que, no mundo virtual, boa parte dos custos envolvidos na produção, distribuição e alocação de produtos para entretenimento são baixíssimos. Além disso, esses custos para um hit ou para um produto menos popular são os mesmos: não há mais a preocupação do lojista em não conseguir vender aquele disco do Pavement, o qual poderia estar ocupando o lugar na prateleira de um da Ivete Sangalo. E, com tudo isso ao alcance de um clique, essa massa de produtos que não são hits passaram a constituir uma faixa de mercado maior que a dos hits. É a tal Longa Cauda do gráfico abaixo.


Lá fora essa é uma discussão já meio velha. Mas, aqui no Brasil, será que isso tem algum sentido? Em primeiro lugar, devo deixar de lado o mercado popular, já que nem todos têm acesso a internet ou podem operacionalizar a compra de material virtual. Sobra, então, uma certa “elite” que, de certa maneira, é o alvo do que escrevemos. E, para este público, creio que essa popularização de pequenos nichos funcionaria muito bem. Qualquer um que freqüenta shows de rock alternativo sabe que qualquer barraquinha com CDs das bandas consegue sempre vender alguns discos...
E o interesse desse público em música mais underground talvez impulsionasse a venda virtual de discos fora de catálogo de grandes gravadoras, os quais não encontrariam público que justificasse o lançamento em CD. Afinal, quantas cópias seriam vendidas de um disco de psicodelia brasileira dos anos 60? Definitivamente, os custos de lançamento não seriam cobertos.
Mas, infelizmente, estamos no terceiro mundo. E as idéias do mundo civilizado demoram um pouco para chegar nessas bandas....

2 comentários:

Jessica Rose disse...

Oie!
Em 1o lugar, adorei esse blog.
Só de ver os meus discos favoritos estampados no layout... pensei "hum, isso deve valer a pena".

Eu acho que uma boa jogada seria voltarem a produzir discos de vinil.

Faz um ano e meio que eu não compro um cd... Mas vinis eu compro frequentemente...
Vinil realmente vale a pena, pois o som supera o do mp3 ( que, de acordo com a taxa de bits, é igual ao cd).E as capas de disco abrem mais espaço para criações artísticas, encartes de cd são muito reduzidos.

d. chiaretti disse...

Também prefiro vinis a CDs... Mais bonitos e tal. Praticidade por praticidade, prefiro o MP3 de uma vez.
O CD já era mesmo...
Pena que no Brasil nem CD, nem MP3, muito menos vinil, têm preços acessíveis...

E que bom que gostou do blog! Volte sempre!