7.7.08

Brasilidade?

Está em todo lugar: a bossa nova, o movimento que mais projetou a música brasileira no exterior, está fazendo 50 anos. E qualquer interessado no gênero sabe que os EUA, a Europa e o Japão consomem mais bossa nova que o Brasil. Veja quantos discos de estúdio do João Gilberto você encontra nas Lojas Americanas e quantos encontra na Virgin...
Mas isso não importa para este texto. Quero apontar aqui outra questão: quando falam de bossa nova, dizem logo que ela surgiu da fusão do jazz com o samba. Ora, para mim bossa nova é jazz, com um certo sabor de brasilidade. Afinal, a bossa está mais próxima do samba ou do cool jazz de um Chet Baker? Digam aí:



Pois bem. Essa proximidade da bossa nova com o jazz poderia servir de exemplo para que o Brasil entendesse que boa música feita aqui não precisa estar cheia de "brasilidade". Mas, claro, isso não foi percebido por todos. A bossa logo foi taxada de reacionária, a tropicália e a MPB engajada e passadista ganharam destaque e a coisa só começou a mudar mesmo com o Sepultura, mais de 30 anos depois.
Hoje, felizmente, o cenário parece estar evoluindo mais. Temos, de um lado, uma banda como CSS, cuja maior brasilidade está no recente cover de "Marrom Bombom". De outro, um grupo como Los Hermanos, que une a tradição do samba (agora sim!) com o rock.
Por isso, acertada a decisão da Mallu Magalhães em gravar o próximo disco com um bom produtor, amplificadores vintage, microfones dos anos 60 e outros equipamentos que podem dar uma sonoridade retrô à sua música. Antes tentar melhorar suas canções country e folk a investir num pop rock em português, calcado no BRock que ela tanto gosta mas que poderia colocar suas melodias em perigo...
Porque não é só de brasilidade que vive a boa música brasileira.

3 comentários:

Anônimo disse...

vocês - e todo o mundo mais - eventualmente vao parar de falar na mallu magalhães?

d. chiaretti disse...

Dessa vez ela foi só citada en passant. haha.

gaiotto disse...

como ja dizia o sábio Nelson Ned: tudo passa, tudo passará...

sobre o texto, não vejo mais tanto essa coisa da "brasilidade" presente nem em artistas da MPB... isso tudo são coisas extremamente sazonais...

uma hora é tudo cantar em português e enfiar uns "le le le oba oba ari ow"... depois isso passa a ser retrógrado e passadista... depois volta a ser a tônica...

aliás, não vejo o porque do samba antigo ter que necessariamente ser melhor que o samba novo... isso é coisa típica de brasileiro.. o que é bom daqui só vira bom de verdade depois que passa muito tempo e foi digerido e mastigado lá fora... aí sim fica bom pra caramba!

é típico: "ahhh cartola sim que é samba!", "mutante sim é rock nacional de qualidade"... pra que esperar tanto tempo pra reconhecer o talento do cidadão? pra que essa necessidade de chancela internacional? "ahhh.. a Mojo falou bem, então agora sim posso dizer que realmente o negócio é bom demais"...

e isso não só no rock ou samba... enquanto a Mixmag não coloca um DJ brasileiro no top 100, ninguém nem conhece o cara... fica tocando em biboca e em rave de quinta categoria.. de repente, pq saiu numa lista lá fora, se torna um mito... "po meu, o cara toca em todos os lugares de Amsterdã"...

E daí? Prefiro que ele toque em todos os lugares de Piracicaba, assim posso ver o cara mais fácil.

essa sindrome de Madame Bovary cultural irrita demais... é de cair o cu da bunda!