14.9.09

Jogo ganho

A culpa pode ser da minha idade, já que estou me tornando cada vez mais ranzinza. De qualquer forma, para mim, o show do Beirut, que aconteceu no último dia 11 de setembro na Via Funchal, foi absolutamente medíocre. Em apresentação burocrática, um levemente embriagado Zach Condon (ou muito embriagado segundo testemunhas que estavam mais próximas do palco), estragou canções do Beirut: Postcards from Italy, por exemplo, perdeu toda a melancolia que a caracteriza, e My Night With a Prostitute in Marseille não tinha nada do tom etéreo da versão de estúdio.

E isso importa? Aparentemente não: Zach Condon entrou com o jogo ganho. Um time de garotas hippies, provavelmente atraídas pela faixa Elephant Gun, que foi enfiada na trilha sonora daquela terrível e teatral adaptação de Machado de Assis que passou na Globo há uns meses, gritava incessantemente “lindo” ao rapaz. Cada acorde inicial de cada canção era recebido com aplausos do público, que abandonou as cadeiras da Via Funchal logo na primeira canção.

Para mim, contudo, a decepção foi grande. Sou um grande fã do Beirut, já tendo falado da banda em várias ocasiões neste blog (vejam aqui e aqui, por exemplo). Mas já vi uma quantidade razoável de shows e sei, muito bem, que aquilo que aconteceu na Via Funchal não foi uma celebração musical multicultural e muito menos uma noite mágica: foi o coroamento da preguiça de um talentoso menino auto-indulgente por um bando de fanáticos.

8 comentários:

Igor Odilon disse...

Nao fui ao show, mas de qualquer modo imagino que esteja certíssimo (a).
Imaginei que seria assim;

led disse...

Fui ao Show e em alguns pontos concordo com você.
Mas acho que Beirut foi feito num molde mais circense, carnavalesco, apesar da música ser apreciada por pessoas que preferem ficar sentado e quieto.
Impossível meu amigo. impossível não querer vibrar com aquelas músicas.
só concordo da parte de fã-naticos.

gaiotto disse...

também não fui ao show, mas o relato está tão perfeito que fiquei feliz por não estar presente no local haha

se trocasse a palavra Beirut por Los Hermanos, o texto continuaria perfeito.

led disse...

(também não fui ao show, mas o relato está tão perfeito que fiquei feliz por não estar presente no local).
Que isso companheiro, fale isso não. O show foi muito bom. concordo com você sobre um público meio Los Hermanos.
Mas isso não quer dizer que o show foi ruim.
Vocês estão ficando velhos...

Gabi disse...

estranho. talvez, como você diz em sua primeira frase, a culpa pode ser minha idade, mas justamente o que te incomodou foi pra mim o mais incrível do show. Confesso que já fui a muitos shows das bandas mais variadas, mas o show do Beirut no dia 11 foi o primeiro em que vi um artista se empolgar tanto com a própria arte, talvez culpa da bebida? Talvez, mas nem por isso menos genial.

Concordo contigo quanto aos fãs "hippies" atraídos por Elephant Gun, mas afinal foi um show aberto e, por isso, suscetível ao mais variado público.

Boa sorte em outros shows (ah! qual show -recente- você considera acima da média, ao menos?)

d. chiaretti disse...

Cara Gabi,
O problema do show, na minha opinião, não foi a bebedeira: foi a atuação burocrática e sem graça de Zach. Para mim um show não pode ser a mera reprodução do CD, nem descambar para uma certa preguiça. Tem que ser, portanto, uma experiência completamente diferente do ato de ouvir música em casa (ou no iPod.. haha).
Sobre os shows acima da média recentes: Jens Lekman, que tocou no Studio SP há uns meses; Radiohead, na Chácara do Jockey; Kraftwerk, idem.
Mas o exemplo de show perfeito continua sendo, pra mim, a apresentação dos Flaming Lips (que não é minha banda preferida), no Claro que é Rock de 2005.

gaiotto disse...

tirando o show do Sonic Youth, o Claro Que é Rock foi o melhor desses shows/festivais grandes que já vi.

sobre shows burocráticos, concordo novamente com o chiaretti. é frustrante um show que não acrescenta nada ao que você já tem no iPod.

tipo show do Roberto Carlos

r disse...

Fui no show e, infelizmente, concordo.

Mas no final ficou bom, quando todo mundo ficou de pé perto do palco. Aí sim ficou parecendo um show. Acho que o fator cadeiras teve muito a ver.