21.5.09

Alt-porn

Você já ouviu falar de Sasha Grey? Sim? Seu(sua) pervertido(a)! Para os puros como eu, vale a apresentação: Sasha Grey é a nova musa da pornografia mundial. Mas ela foi além do sexo explícito e adquiriu um status cult.
Ao contrário de suas concorrentes, Sasha Grey é (ou parece ser) um tanto quanto letrada. Seu nome artístico anterior era Anna Karina, em homenagem à musa de Jean Luc Godard nos anos 60. Uma de suas bandas favoritas é o Throbbing Gristle, grupo pós-punk pioneiro no que veio a ser tornar o industrial. Um entrevistador disse que a moça era capaz de falar até sobre existencialismo...
Esse marketing deu certo: Sasha Grey está, este mês, nas páginas da Rolling Stone gringa e estreou um filme (não pornô) com ninguém menos do que Steven Sondeberg, o premiado diretor de Traffic e Onze Homens e um Segredo. E agora ela começa a se arriscar na carreira de cantora...
A verdade é que Sasha não é a primeira atriz pornô a ganhar esse ar cult. Traci Lords, nos anos 90, fez um caminho semelhante. Décadas antes, o lançamento de Garganta Profunda foi um evento que também rompeu o caráter de nicho da pornografia, como ficou bem mostrado no belo documentário Por dentro da Garganta Profunda.
Sasha Grey parece, simplesmente, ter atualizado a fórmula. Percebeu que, nesta era da internet, os limites entre gêneros distintos (bom gosto e pornografia, arte e diversão, pop e alternativo) são bem tênues. E, neste sentido, foi esperta em perceber que os consumidores de cultura indie adorariam uma musa porno igualmente indie...
Fica, contudo, outra dúvida, desta vez sobre a legitimidade da moça. Será que ela leu mesmo Sartre? Será que ela gosta mesmo daquelas bandas citadas em seu My Space? Será que não temos um genial empresário por trás de tudo? É uma dúvida recorrente em outros fenômenos virtuais, como a tão citada Mallu Magalhães.
Em uma reportagem sobre a moça, um jornalista afirmou que ou a menina é genial, ou leu uma pilha de livros do tipo Godard for Dummies.
E eu, aqui, deixo outra: é essa legitimidade mesmo que importa?



P.S.: rola um boato que a menina é, na verdade... cearense!

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