11.6.08

Mais Mallu

"A passarela larga, de madeira clara, tinha um desnível mais alto e estreito, por onde as modelos desfilariam, várias ao mesmo tempo, a passos calmos, de sapatos masculinos antigos, com desenho em relevo pintados de dourado, ou de sandália rasteira. Cenografia de Alberto Renault, limpa, para dar voz à cantora adolescente Mallu Magalhães, febre na internet, que, ao vivo, embalou o desfile da Maria Bonita Extra, e para as roupas inspiradas no livro "O Amante", de Marguerite Duras". Via UOL.



A arte no Brasil é tratada uma grandissíssima enganação. Ou é uma enganação, tanto faz. E parece que estamos habituados a uma constante empulhação semelhante ao que está na citação que abre o post. Estou falando, claro, do caso Mallu Magalhães.
Vejam só: a Mallu é o quê? Até onde eu saiba, é uma menina de 15 anos, com um ótimo talento para melodias, sem vergonha da óbvia constatação de que o rock funciona melhor em inglês (apesar de ter uma linda canção em português), e que busca influências não em modernices, mas no country e no folk. Com certeza, por todas essas referências, tem um público extremamente restrito.
Mas, está sempre na MTV, no blog do Lúcio Ribeiro e, agora, nesse tal desfile. Por que tudo isso? Podem até atribuir a uma grande conspiração da mídia para que a garota chegue ao mainstream, mas acho um grande equívoco. Já disse, a menina tem um público restrito, e a coisa vai continuar assim, independentemente de lobby. Ou a MTV conseguiu fazer com que o Daniel Belleza se tornasse alguém? Talvez tenham ajudado o Cachorro Grande, mas suas canções em português e melodias (?!?) ao gosto do público do Charlie Brown devem ter contribuído mais.
Na minha opinião, o que faz com que parcela da mídia moderninha se agarre com tanta força às Mallus e CSSs é a simples falta de concorrência no universo da "cultura pop". Nosso cinema contemporâneo é medíocre, nossos músicos idem, nossa literatura é um embuste, e por aí vai.
Daí, quando surge algo ligeiramente acima da média (e sim, gostem ou não do que fazem com a Mallu, ela faz boas melodias), começa essa onda messiânica insuportável. Fazem isso com a Feist, por exemplo? Não. Afinal, quantas músicas como a Feist temos na cena gringa? E o CSS, é o que lá fora? Só mais uma banda do enorme escalão de grupos alternativos. E por aí vai.
E, sou pessimista: os fenômenos Mallu Magalhães, que só refletem nossa complete mediocridade artística, não têm data para acabar no Brasil. Por essas e outras que sempre vejo a mocinha falando alguma besite na MTV, desligo a TV e vou ouvi-la cantando alguma coisa no You Tube.

Quem paga pau pra Feist?

Nenhum comentário: