9.6.08

Alzheimer?

Leonardo é o cantor mais popular na cidade de São Paulo. É o que indica a pesquisa divulgada pela Folha de ontem. A conclusão é óbvia e só uma: o paulistano (e o brasileiro) médio não ouve música. Ou, ao menos, não houve músicas novas. Outro dado leva ao mesmo resultado: a dupla mais citada é Zezé di Camargo & Luciano.

Apesar de manterem há anos suas posições entre os que mais vendem discos, tais artistas não são expoentes do mercado atual. Nem no próprio nicho sertanejo, recheado de novas e rentáveis duplas de rodeio como César Menotti & Fabiano, Victor & Léo e Edson & Hudson. Mesmo Bruno & Marrone nitidamente possuem um destaque maior que os líderes da pesquisa e estão em segundo na lista de duplas.


O segundo lugar individual é de Roberto Carlos. Nem minha mãe que é fanática consegue balbuciar uma música dele que tenha sido lançada nos últimos anos. Mas está lá e sempre estará. Chega a lembrar muito as pesquisas sobre marcas de sabão em pó e pasta de dente.


Um cruzamento mais profundo de dados talvez explique minha conclusão. Em números não atualizados <http://www.abpd.org.br/estatisticas_cd.asp>, quem mais consume música no Brasil são pessoas de 26 a 35 anos, da classe B e nível Superior incompleto. Leonardo e Zezé estouraram há cerca de 20 anos, quando essas pessoas estavam passando da infância para a adolescência e, assim como eu, sabiam todas as músicas da onda sertaneja daquela época. Só que a grande maioria simplesmente parou no tempo, como se nada mais tivesse acontecido desde então.

Assim como há 20 anos, vivemos um novo aeon do sucesso sertanejo. E a bizarra retro-referência dos paulistanos é sinal claro de que algo não vai bem no nosso mercado, mesmo em seu nicho historicamente mais rentável. E tudo isso em meio as supostas benesses trazidas pela internet e o aumento das opções ao consumidor.


Até porque esse pessoal é muito novo pra sofrer de Alzheimer musical.


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MUSICAS PARA OUVIR AGORA








2 comentários:

d. chiaretti disse...

a internet colabora sim com isso... com mais opções, a coisa fica pulverizada.
hoje em dia os artistas provavelmente vendem menos... ainda mais no brasil, onde o desrespeito com os direitos autorais é alto e não há opção viável de comprar MP3. nem repressão. haha.

tarzanboy disse...

Assim no Brasil como em Portugal. O "Alheimer musical" é comum aos dois :) Parabéns pelo blogue, gostei muito.