O novo e o velho

No emblemático dia 09.09.09 o catálogo dos Beatles chegará às lojas em dois novos formatos. Um deles, mais tradicional, será uma (nova) versão remasterizada (inclusive em mono) de todos os discos da banda num formato que acompanhará documentários e farta informação escrita. O outro será o The Beatles: Rock Band. Não preciso nem dizer que a segunda versão é que está sendo ansiosamente aguardada...
Hoje em dia o videogame se tornou uma lucrativa plataforma musical. Ao invés de simplesmente sentar e ouvir as canções, o sujeito pode, com a ajuda de ridículas réplicas de instrumentos, fingir que faz parte da banda. No caso dos Beatles a coisa é levada para outro patamar: o jogador começará no Cavern Club e terminará no show sobre o teto da Apple, passando por momentos antológicos da história dos Beatles e, portanto, da música pop.
E o tal catálogo remasterizado? Sinceramente, será que uma geração habituada à péssima qualidade de canções em MP3 e fones vagabundos (sim, o fone do iPod é vagabundo) irá notar a diferença nessa edição remasterizada? Será estão, realmente, interessados em ouvir as versões em mono dos discos, mesmo se souberem que John Lennon dizia que isso é o certo?
Alguém poderia dizer que esses lançamentos são voltados para um público mais adulto, que ainda consome música em sua forma física. Neste caso a gravadora poderia tomar algum cuidado e tentar utilizar a fonte mais próxima possível dos masters originais (se não os próprios) e, quem sabe, fazer o lançamento também em vinil.
Afinal, enquanto a música vai ficando cada vez mais distante de suas origens, o mercado para saudosistas do século 20 é cada vez mais promissor...

Shakira, Shakira!

Estou louco ou a Shakira, Shakira resolveu jogar uma mistura de Crystal Castles com Of Montreal em seu novo single, "She Wolf"? Esses produtores, sempre malandrinhos. O resultado, proposital ou não, ficou bem bacana. Compare:

Diquitas: St. Vincent, Dark Night of the Soul, Radiohead

Actor Out of Work (St. Vincent): Actor é o novo disco da St. Vincent, nome que a cantora e multi-instrumentista Anne Clark (que fazia parte da banda do Sufjan Stevens) usa em sua carreira solo. É um disco de harmonias ricas que, apesar de soar esquisito na primeira audição, tem um belo charme pop. E o primeiro single, "Actor Out of Work", é fantástico.



Little Girls (Dark Night of the Soul): projeto de Danger Mouse (do Gnarls Barkley) com o Sparklehorse, banda do atormentado Mark Linkous, que conta com a participação de vários artistas: Flaming Lips, Iggy Pop, Black Francis, Nina Persson, David Lynch, entre outros. Por conta de problemas legais o disco não foi lançado e ao comprá-lo você recebe um livro ou poster e um CD-R. Uma das melhores canções é essa "Little Girl", que conta com os vocais de Julian Casablancas sobre uma repetitiva batida, guitarrinhas suaves e uma linha de baixo fenomenal.




These Are My Twisted Words (Radiohead): suposta nova canção que apareceu um fórum de discussão. A banda ainda não confirmou a autoria, mas é bem provável que essa longa e etérea canção, com guitarras que soam como "Astronomy Domine" do Pink Floyd, seja mesmo do quinteto de Oxford.

VMB 2009

A consagração dos emos e dos neoindies (existe diferença axiológica entre eles?). Esse é o VeMoB 2009, o prêmio que aderiu de corpo e alma à geração Capricho. A lista dos indicados saiu ontem e é inevitável fazer uma graciosa análise dos concorrentes daquele que já foi um dos maiores eventos da música brasileira.

ARTISTA DO ANO

Sim! Ela! O nosso Mister Lúdico! Mallu Magalhães concorre à principal "catiguria" em meio a Skank, Marcelo D2, Seu Jorge, Pitty, Jota Quest, Paralamas, Nando Reis e os emos, ou neoindies, ou miguxos, do NxZero e Fresno. Dá pra ver que a seleção é criteriosa desde o começo. Nossa mítica Bob Dylan de saias é um sucesso de público, crítica e mercado similar ou maior que seus concorrentes.

REVELAÇÃO

Garotas Suecas. Wow! Num ano aposta, noutro revelação. Foi assim com o Vanguart, por que não com essa grande revelação do rock nacional que taí, na boca do povo? A disputa será acirrada com os novos miguxos, ou neo-neoindies, ou pós-emo, Glória e Cine.

APOSTA MTV

Esse é bom. Quem ganha garante uma revelação pro ano que vem. Black Drawing Chalks e Mickey Gang são do meu agrado. Mas como competir com Holger, a banda neoindie favorita dos tiozinhos blogueiros antenados? Tem também o e.m.i.c.i.d.a., por que a MTV não pode deixar de incluir alguém do gueto, sob pena de infringir seu tradicional complexo de Alphaville Arrependido. Afinal, um prêmio de música tem que ter legitimidade social, tá ligado?

VOCALISTA

Só digo duas coisas: Helio Flanders (Vanguart) e Mallu. Preciso desenhar? Eu colocaria o Zina pra aumentar a disputa. Por que não?

ROCK

O Autoramas ainda existe? O Forfun não morreu? Quem é Strike?

ROCK ALTERNATIVO

O nome dá medo. Mas essa turma tá ok, vai. Queria que o Móveis Coloniais de Acaju ganhasse, mas alguém será páreo para o Holger, a banda das multidões que é aposta, mas também é realidade?

HARDCORE

Ou menção honrosa? Ou monumento aos veteranos de guerra? O Devotos (que não são mais do Ódio) ainda faz música ou só o Rock Gol? Tocar em aniversário de parente vale para preencher o requisito "banda em atividade"? Gostaria muito de ver Os Pedrero nessa.

MPB

Medo!

ELETRÔNICO

Grandes nomes, sim. Principalmente The Twelves e Database. Mas poderiam ter colocado o pessoal que não sai na Ilustrada também, não? Ôoo panelinha...

Pearl Jam - The End

Apesar de toda a chatice que envolve suas letras e projetos pretensamente políticos, Eddie Vedder é um gênio. E deveria se esmerar mais no que domina melhor em sua arte: a composição de belíssimas e cortantes canções melancólicas. Todos os discos da banda trazem um ou duas pérolas nesse estilo e invariavelmente fazem parte das melhores do disco, mesmo quando o todo em si é um porre, como aquele constrangedor do abacate.

E acaba de vazar por aí mais uma das músicas de "Backspacer", o lançamento prometido para os próximos dias. Junto com "Speed of Sound", que escapou há duas semanas, a recente "The End" é um ótimo exemplo de como o Pearl Jam ainda é útil ao mundo da música. E de como é pesado perder, assim, sem mais nem menos, alguém por quem você tem carinho: "How do you think it is to leave you here with the kids on your own/Just don’t let me go".

Dê dez minutos de presente aos seus ouvidos e ouça essas versões ainda não-oficiais aqui embaixo:

Faith No More no Brasil - O fim da novela

Finalmente os integrantes do Faith No More confirmam aquele que certamente é um dos shows mais aguardados do ano por aqui. A banda se apresentará no dia 7 de novembro no Festival Maquinaria, em São Paulo. Os ingressos serão vendidos já a partir do dia 14 de agosto no site: http://www.ingressorapido.com.br/. A tão esperada notícia foi passada pela própria banda, via Twitter, há alguns minutos:

"Finally! BRAZIL!!! The Maquinaria Festival, November 7 in Sao Paulo welcomes FNM!!! tickets on sale Aug 14 at http://www.ingressorapido.com.br/" - @RoddyBottum

"November 7 - Maquinaria Festival ( http://www.maquinariafestival.com/ ) - São Paulo - Brasil" - @mrgould

Detalhe 1: Há boatos fortíssimos de que o Planeta Terra será (ou seria) realizado no mesmo dia, no Playcenter (?!).


Detalhe 2: Além do FNM, o Maquinaria pretende trazer Jane´s Addiction e Deftones (seria o grande festival desse ano?).

ATENÇÃO FÃS DO JANE´S ADDICTION: A banda finalmente confirmou sua participação no festival. Mais detalhes no site oficial .

Detalhe 3: Os ingressos custarão de R$ 200 (pista) até R$ 450 (VIP) e o festival será na Chácara do Jockey, lugar de péssimo acesso, mas boa estrutura, que abrigou o histórico "Claro Que É Rock", em 2005.

Detalhe 4 (18/08/2009): Há chances imensas de o festival trazer também o Prodigy para tocar com o Faith No More. Isso porque as bandas já confirmaram participação conjunta no Pepsi Music 2009, que rolará em Buenos Aires uma semana antes do nosso Maquinaria. Já havia vazado a informação de que o Prodigy faria um show no Rio de Janeiro em 25 de outubro, portanto, ao que parece, é apenas uma questão de adequação das datas.

Enquanto esse maravilhoso dia não chega, continue matando sua vontade por aqui:

Vergonha Alheia - Information Society

Faustão não aprende mesmo. Depois de levar o já clássico toco da "ágil" Mallu Magalhães, o roliço apresentador abre a guarda novamente para tomar um direto no queixo do mais que decadente Information Society. Ok, a banda foi uma das mais importantes do synthpop no final dos 80 e começo dos 90 e gosto pra caramba de vários singles deles (principalmente "Repetition" e "What´s on your mind"). Mas dá uma olhada no papel grotesco feito pelo vocalista no último domingo, logo abaixo do vídeo da tirada no gordinho. Uma banda de quermesse de Porangaba/SP faria melhor.

É proibido fumar

Desenterrei nessa semana um disco do Hefner, uma interessantíssima banda britânica dos anos 90 que descobri nas boas e velhas manhãs de sábado vendo Lado B na MTV. E sou pego de surpresa pela letra de "The Hymn For The Cigarettes": She smoked on my bed cause she thought it would annoy me,/But I love to watch the girls smoke in my bed. (...) Lucky Strikes remind me of my friends out on the west coast,/Camel Lights remind me of my ex-girlfriend at Chistmas time,/Malboro Reds remind me of giving up in Berlin,/B&H remind me of not giving up but giving in.
Ela imediatamente me lembrou que, a partir de hoje é proibido fumar em locais fechados em São Paulo. E isso inclui bares e inferninhos rock'n'roll. Não fumo, mas confesso que sinto uma certa tristeza pela proibição. Cigarro para mim é como culinária francesa contemporânea: a aparência é infinitamente melhor que o gosto. Mas quando vemos um cigarro nas mãos de uma Cat Power percebemos como a aparência é importante. Bem, no estado de São Paulo, em tese, não veremos mais nenhuma moça fazendo charme com fumaça de cigarro.
E há algo de estranho nisso. O cigarro está presente em nossa sociedade há décadas, e já se tornou um dado cultural. Não nego que é sadio regulamentar a questão, já que os fumantes são uma minoria. Todavia, retirar abruptamente e sem concessões o cigarro de ambientes rock'n'roll me soa demasiadamente politicamente correto. Seria, ao menos do ponto de vista estético, como proibir o tênis All Star.
Assim, em nome da saúde, do bem estar, do meio ambiente e de outros deuses contemporâneos, vamos, pouco a pouco, esquecendo de pequenos prazeres como ver uma moça bonita fumando.

Hymn For The Cigarettes - Hefner

O pop perfeito

Qual dessas três maravilhas você prefere?