21.5.08

Listas

Em livro recentemente lançado no Brasil, chamado “Como falar de livros que não lemos”, o francês Pierre Bayard disserta sobre a possibilidade que os interessados em literatura têm de discutir sobre a importância estética, histórica etc de obras sem nunca tê-las lidos. De fato, qualquer um minimamente interessado em literatura sabe o que significa a obra de Shakespeare ou James Joyce, mas talvez nunca tenha lido Hamlet ou Ulisses.
A crítica, na minha opinião, acaba atingindo um típico mal contemporâneo: a vontade (ou até necessidade) de tentar abarcar o máximo possível de cultura de forma ordenada. E aí surge uma instituição famosíssima na música pop: as listas de melhores discos, canções, compositores etc.
E, numa de minhas perambulações pela internet, encontrei o site Lists of Bests, que organiza diversas listas e, pasmem, calcula quão perto você está de completá-las. Descobri, por exemplo, que cumpri 39% da lista de melhores filmes da Time Magazine, e apenas 11% dos livros essenciais segundo jornal Guardian.
Para mim, este site simboliza bem esta necessidade que muitos temos de consumir o máximo possível de cultura, especialmente os “essenciais” de cada gênero artístico. Mas fato é, e isso é apontado no livro de Pierre Bayard, que acabamos perdendo muita coisa no caminho: esquecemos livros inteiros, quadros, discos etc. Sobram apenas fragmentos, ou mesmo meras sensações e opiniões sobre a obra.
Então, o essencial é o processo, não? Ou seja, aquele “impacto” que a canção causa, o prazer de ouvi-la. Ou mesmo aquela insistência em “entender” um disco mais difícil, que depois de algumas ouvidas se torna espetacular.
Concluo, portanto, que as listas são úteis e tal, e que vale a pena descobrir os “discos essenciais”. Mas sem esquecer do principal: gostar de ouvi-los.

2 comentários:

Unknown disse...

Quanto as músicas...

Hoje as boas musicas que são lançadas recentemente são tão pouco divulgadas abafas por um monte de melodias de uma frase só que com certeza nas melhores listas ainda prevalecem 'os clássicos', qdo se fala sobre eles não tem como errar.

Unknown disse...

Quanto aos livros...

Hoje lê-se mas, por obrigação do que por outra coisa, exemplo dos vestibulares, muito mais facil ler um resumo que será aplicado na prova do que o ler inteiro.
Com tanta informação na Internet, dificil troca-la por um livro.

O que vale é o prazer de ler, mas, hoje devido a falta de incentivo já nas primeiras séries do ensino básico, se faz raro.

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