30.8.05

Eu estava certo

Geralmente tento escrever essas colunas do modo mais impessoal possível. É claro que é besteira dizer que dá para ser totalmente objetivo, mas com algum esforço é possível chegar perto.
Bom, desta vez eu quero ser pessoal só para afirmar: “eu estava certo”.
Há mais de um ano, eu e mais dois amigos nos enfiamos num evento comemorativo do Dia da Mulher. Na verdade o local era um encontro de riot grrrls (com muitos “r”), recheado de bandas com um pé no punk e outro em discursos feministas retrógrados. Só a última banda não bradou contra a dominação dos machos. Ao invés disso, meia dúzia de meninas se espremeram no palco e mandaram pouco mais de 20 minutos de músicas rápidas e sujas, com as duas vocalistas gritando e se empurrando o show todo.
Era o começo do hype ao redor do Cansei de Ser Sexy e minha defesa em favor da banda, uma das poucas da cena indie que eu achava que tinha futuro.
Mais de um ano depois assisti outro show delas. A essa altura, elas já haviam tocado no Tim Festival e estavam escaladas para o Campari Rock. Ao invés de barulheira e um teclado vagabundo daquele meu primeiro, bases programadas que tornam o show quase um playback. Ou, como disse um amigo, um circo.



A performance continuava parecida, mas, por incrível que pareça, as coisas soavam mais amadoras ainda. Lovefoxxx tentava brincar de fazer malabarismos com o microfone, mas não conseguia. Suas piadinhas eram ruins e suas dancinhas parecem ter saído de algum programa de auditório dos anos 80. Nenhuma banda de electro precisa de três guitarras fazendo os mesmos power chords. É notório que o único músico da banda é o Adriano ex-Butcher.
Mas, havia pouco daquela pose indie que tanto empesteia a maior parte das bandas do gênero. A coisa estava mais perto do Latino do que do Placebo. Mais perto do Réu e Condenado do que dos Forgotten Boys.
Termina o show e uma amiga que nunca deve ter ouvido as palavras indie ou hype na vida diz que também queria “cansar de ser sexy”.
Hype? Sim, sem dúvidas. Importa? Bom, já ouvi o Ludov sendo tocado até na rodoviário do Tietê. O Daniel Belleza jogou no Rock Gol. E outros tantos casos. Até agora não foram muito longe: não chamaram atenção de ninguém que convive em locais onde há uma real concorrência na cena musical, não conseguiram usar pose, internet, ironia, amadorismo e coisas afins de um jeito inteligente.
E nem irão. Só hype não leva ninguém muito longe.
E acredito que vou estar certo dessa vez também.

P.S.: escrevo isso antes das pretensões do CSS darem certo de verdade – coisas como lançamento de discos e turnê internacional. Senão, seria fácil demais falar “eu estava certo”.

2 comentários:

Anônimo disse...

hahashashash..e aí? vc estava certo, meu amigo?! aparentemente não..pelo o que eu acabei de ler no site da rolling stones é a melhor banda independete do mundo..

d. chiaretti disse...

caro anônimo. o sr., por acaso, é analfabeto funcional?
leia o post de novo - se for capaz, claro.