17.8.05

Brothers and sisters, are you ready?

Acredito que quase todas as pessoas que compareceram na noite de sábado do Campari Rock esperavam ver no DKT/MC5 um simples tributo ao passado de uma das mais influentes bandas de rock da história, já que shows de “lendas vivas” costumam ser cercados mais pela importância histórica e pelos hits do que pela esperança de uma apresentação memorável.
Contudo, o DKT/MC5 frustrou todos que foram à Fábrica da Lapa com essa expectativa. Apesar do palco ter sido dominado por quatro senhores (os três membros remanescentes do MC5, mais o guitarrista convidado Marshall Crenshaw), os primeiros segundos de “Ramblin’ Rose” mostraram que o grupo não ia se limitar a um simples tributo àquele MC5 que terminou no início dos anos 70.


Wayne Kramer em apresentação com o DKT/MC5


Durante todo o espetáculo, Wayne Kramer não parou de disparar riff seguido de riff sobre o público, empunhando sua guitarra como uma das armas que ele devia usar para assaltar casas durante os anos 70. Apesar de seu comportado traje branco, do fato de ter puxado um corinho com o público durante “Rama Lama Fa Fa Fa”, ou de ter ensaiado uma esdrúxula dancinha digna do grupo “É o Tcham”, Kramer manteve uma postura rocker que poucos, mas muito poucos mesmo, conseguem ter.
E o outro protagonista da noite foi o grande Mark Arm, cuja performance ensandecida lembrava a dos tempos áureos de Iggy Pop, também contemporâneo do MC5. Faltou somente andar sobre o público durante a última música do show, quando era arrastado de um lado pelo outro – sem soltar o microfone nem parar de cantar – pelo público.
No fim do espetáculo, o mais longo do Campari Rock, ficou a nítida impressão que aqueles quatro senhores – Mark Arm ainda não está tão velho para receber esse título – agarraram-se com muita dignidade e vontade ao que talvez seja uma das últimas oportunidades deles animarem alguns filhos da mãe e lembrarem que, apesar da ferrugem, o rock não morre tão cedo.

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