27.9.05

Slap you on the face and enjoy the show!



Inesquecível. Isso é só um pouco do que pode ser falado da primeira (e provavelmente única) apresentação do Weezer no Brasil. Obviamente por se tratar de uma banda cheia de mistérios, o show foi precedido de um sem-número de boatos e rumores, que caíram por terra quando aqueles quatro americanos empolgados subiram ao palco.

Primeiro, um desagravo à organização do show. Se esses caras de Curitiba pretendem manter o sucesso do festival deveriam pensar seriamente em se profissionalizar. A venda de ingressos foi um desrespeito, a escalação das bandas deixou a desejar, o local do show mudou na última hora e o horário de início em São Paulo era 15 hrs e, para surpresa, em Curitiba era 19 hrs (tudo bem que deu tempo pra tomar uma cerveja ao som de Teodoro e Sampaio num buteco sertanejo – aliás, nunca vi uma cidade com tão poucos butecos por quarteirão!!).

Mas, vamos ao que interessa. Antes do Weezer tocaram algumas bandas independentes brasileiras, das mais variadas regiões do país. As duas de maior destaque foram Biônica (SP) e Acabou La Tequila (RJ).

A primeira por seu tradicional show ridículo, feito por músicas ridículas e pela postura ridícula da moça “MTV-Na Base”. Como uma banda tão ruim, em todos os aspectos, pode ser cogitada para tocar nesse e em outros festivais?

Mistérios à parte, o Acabou La Tequila entrou na seqüência com um show memorável. Tinha curiosidade de ver ao vivo a banda idolatrada por Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. E, de fato, os caras mandam muito bem. Dá pra notar claramente a influência deles no primeiro disco dos Hermanos. A banda é praticamente uma constelação do mundo indie: Kassin é o produtor do Los Hermanos, Nervoso é um dos mais elogiados em sua carreira solo e Gabriel Thomaz, o gênio por trás do Little Quail and The Mad Birds e do Autoramas. Puro gás!

Aí veio o Weezer. Os caras já entraram botando fogo no público com a seqüência matadora de “My name is Jonas”, “Tired of Sex” e “Don´t let go", causando catarse coletiva nos ávidos fanáticos que se estapeavam na platéia.

A empolgação da banda era absurda e a qualidade do show impressionava. Rivers realmente parece um nerdinho dos filmes da sessão da tarde, com um paletó “meu-vô-tinha” e uma cara de tonto idêntica a do Samuel Rosa. Mesmo assim se mostrou um grande condutor de platéias. Destaque também para Brian Bell com backing-vocals e vocais potentes e infalíveis e uma guitarra pesadíssima.

Depois de “This is Such a Pitty” a banda, após divertir o público, começa inacreditavelmente a tocar “Big Me”, do Foo Fighters. O público vem a baixo, acompanhando toda a letra da música. Não era o Killers alardeado pelo Lúcio Ribeiro , mas valeu pela raridade do momento.

Após “Buddy Holly e “Photograph”, essa com Rivers Cuomo na bateria e Pat Wilson no vocal e guitarra, no melhor estilo Nirvana em 93, uma pequena pausa e Rivers surge no meio da platéia VIP e toca “Island in the sun”, ovacionado pelo público, num belo momento acústico que lembrou Jack White em Manaus.

Voltando ao palco, a banda, para delírio da platéia, resolve recrutar algum fanático para tocar com eles a próxima música. O sortudo escolhido por Brian Bell mal sabia o que estava fazendo no palco, tamanha a surpresa. E a banda toca “Undone” com direito a performances de Rivers e Brian Bell junto com o garoto (que quase meteu o violão na cara do Rivers).

O show terminou potente com “Surf Wax America”, com o público emocionado e na certeza de que aquilo ali não se repetiria tão cedo.

Ao fim do show uma coisa chamou a atenção de todos: eles não tocaram NADA do Maladroit. Quem conhece a banda sabe que o esquisitão do Rivers não gosta nem um pouco do disco e isso ficou bem claro em Curitiba. Mas, tudo bem, não fez falta alguma.
PS: No site da banda eles dizem que esse show está entre os maiores de todos os tempos. Com certeza não é um exagero.

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