3.12.04

"Whaaat would you do..."



Enfim, de novo! A TV Cultura volta a passar, desde o início, a série mais fantástica de todos os tempos. O que intriga é o porquê dela causar tanta aceitação do público (não falo só por mim), mesmo tendo sido produzida há mais de dez anos e ter o enredo passado no fim dos anos 60 e por todo os anos 70.

Não dá para negar a identificação da maioria das pessoas que assistem com o personagem principal, Kevin Arnold. É o típico adolescente "loser": zoado pelo irmão mais velho, dominador na relação com os amigos e fracassado nas tentativas amorosas. Um pobre coitado que pensa 15 vezes antes de fazer uma besteira.

Na verdade, o narrador (ele mais velho) se comporta como uma consciência arrependida, um olhar crítico severo sobre as reações impulsivas e fracassadas que o "loser" tinha quando moleque. E tudo num tom de "Caralho, como eu era idiota" durante os episódios e "Putz! Q saudade que eu tenho daquilo", nos finais filosóficos (aliás, sempre ensinadores).

O incrível é que a série é um retrato absurdamente real dos terríveis conflitos internos vividos naquela fase da vida, sendo indiferente a época, país ou condição social do personagem . Ao mesmo tempo em que ressalta a beleza e a alienação sincera de um moleque que só queria se dar bem, seja com a Winnie Cooper, no 21 contra o Paul ou nas zoações do Wayne, no meio de um mundo em que rolava o movimento hippie, a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã.

Outro fator de identificação eu acredito que seja a trilha sonora, lotada de grandes clássicos do rock da época, ouvindo-se desde Jimi Hendrix (que num episódio a irmã "hippie" definie como "o maior guitarrista do mundo" ao respoder à mãe que mandava ela desligar aquele barulho), Bob Dylan, Beatles, Beach Boys, Joan Baez, The Monkees, The Doors, Cream, Johnny Cash, Neil Young e uma porrada de outros grandes. Por sinal, dá pra conferir no site http://whiplash.net/cinemaanosincriveis.html a trilha sonora de cada episódio (fantástico isso!).

Pelo fato de ser uma representação da visão de um menino sobre as coisas, eu sinceramente não sei qual a aceitação entre o público feminino (questão a ser resolvida nos comentários) bem como em relação aqueles que não conhecem a fantástica trilha sonora (eu, sem conhecer porra nenhuma das bandas, já curtia quando era criança).
Mas, realmente, os roteiristas merecem todas as honras por terem ido tão fundo na análise psicológica e por terem colorido as "enrascadas" do nosso "loser" com uma trilha sonora do caralho! Dá até vontade de ter vivido naquela época...
Então não percam amiguinhos: todo dia, às 18:30 na TV Cultura.

PS: que o idiota era lerdo com a Winnie Cooper, ele era hein? Puta que pariu!

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