13.12.04

Lista de fim de ano! (atualizada: agora virou top 10!)

Não tem graça nenhuma escrever sobre música se não pudermos criar uma tradicional lista de fim de ano, onde falamos um monte de baboseiras para dizer que certos discos são legais. Ainda mais quando isso é mais fácil do que pensar em uma coluna bem elaborada...
Então, cá está o meu Top 10 (sim, consegui arrumar um número 10)!

1 – A Ghost is Born (Wilco): apesar de ainda trazer os ganchos pop que sempre caracterizaram as canções do líder da banda, Jeff Tweet, esse álbum, lançado após o aclamado “Yankee Hotel Foxtrot”, é um tanto quanto “difícil”. Criado após Jeff ter saído de um processo de reabilitação em virtude de seu vício em antidepressivos, o disco soa, em determinados momentos, como uma mistura dos enormes solos de Neil Young em “Everybody Knows this Is Nowhere” com as experimentações sonoras de um Sonic Youth. Até mesmo as letras das canções mais pop têm alguma densidade, sendo que algumas beiram o desespero puro e simples, como a faixa de abertura “At Least It´s What She Said” (“When I sat down on the bed next to you/You started to cry/I said, maybe if I leave, you'll want me/To come back home”). Um disco complexo, que vale a pena ser ouvido com atenção.

2 - Uh Huh Her (PJ Harvey): após o bem produzido “Stories From the City, Stories From the Sea”, de 2001, a deusa PJ Harvey retorna com um disco sujo, esquisito e pesado. Por cima de riffs blueseiros e guitarras saturadas PJ Harvey, despeja letras perfeitas que trazem imagens de navalhas, culpa, desespero e um puro e simples “foda-se”. Outro disco difícil de digerir, mas que possui uma qualidade evidente.

3 - Universal Audio (The Delgados): abandonando as orquestrações do disco anterior, “Hate”, os escoceses dos Delgados lançaram o álbum mais pop de sua carreira. As canções do disco mostram que o grupo sabe perfeitamente como criar boas melodias e riffs que desembocam em refrões fantásticos, como em “Everybody Come Down”. Mas, como bons escoceses que são, não abandonam canções melancólicas, como a belíssima “The City Consumes Us”.

4 - Smile (Brian Wilson): após 37 anos de abortar o projeto por causa de um surto psicótico, o ex-líder dos Beach Boys concluiu um dos mais lendários discos de todos os tempos. Unindo-se ao letrista Van Dyke Parks, responsável pelas letras surreais do disco, e a uma banda de músicos profissionais, o músico conseguiu um resultado perfeito. O disco, apesar de parecer inteiramente conectado, possui canções com texturas diversas e baseadas em uma grande diversidade de instrumentos, harmonias e melodias. Trata-se, inegavelmente, do trabalho de um gênio, como é fácil notar após a audição da lisérgica versão de “Good Vibrations” ou da fenomenal “Heroes and Villains”.

5 - Franz Ferdinand (Franz Ferdinand): um álbum dançante recheado de teclados oitentistas, guitarras modernas e letras espertas. Apesar da postura fashion e de todo o hype lembrarem outros contemporâneos, como os Strokes, o grupo tem uma identidade própria, e é tão bom quanto seus colegas. Não vai mudar a história do rock, mas é legal pra diabo.

6 - You're the Quarry (Morrissey): após alguns anos sem gravar, o ex-líder dos Smiths retorna com um disco impecável. Ao invés da tradicional melancolia, aqui impera a ironia, com Morrissey apontando sua metralhadora para os Estados Unidos, a Inglaterra ou os chatos do mundo. E também estão presentes as já tradicionais construções geniais que somente Morrissey consegue criar, como “my life is an endless succession of people saying goodbye”.

7 – Final Straw (Snow Patrol): deixando para trás o estilo demasiadamente indie que marcou os discos anteriores, os escoceses do Snow Patrol fizeram um dos álbuns mais pops do ano, cheio de refrões grudentos, belas melodias, letras bonitinhas e guitarras com a quantidade exata de distorção. Somente com muito talento é que uma banda conseguiria criar canções fantásticas com temas já batidos, como timidez, amor adolescente e brigas conjugais.

8 - Hot Fuss (Killers): outra banda que buscou sua inspiração nos anos 80, dando uma nova roupagem ao som calcado em sintetizadores e guitarras, criado pelo New Order, com canções que falam de androginia (“Somebody Told Me”), assassinatos passionais (“Jenny Was a Friend of Mine”) ou relacionamentos conturbados (“Mr. Brightside”).

9 - Dresden Dolls (The Dresden Dolls): um casal que faz uma música baseada em piano, voz e bateria, inspirando-se em Bertold Bretch e em cabarés da Alemanha da era do jazz só poderia ser um saco. Certo? Não! Com cançoes que lembram o glittler rock de T.Rex, Roxy Music e a fase Alladin Sane de David Bowie, e com letras ambíguas cantadas pela vocalista Amanda Palmer com um charmoso sotaque alemão, essa dupla lançou um dos discos mais legais do ano.

10 - You're a Woman, I'm a Machine (Death From Above 1979): uma dupla canadense que usa somente um baixo ultra distorcido e uma bateria insana para criar um turbilhão sonoro que faz jus ao nome. Perto desse duo, o White Stripes parece Sandy & Júnior...

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