6.10.09

Mecenato

"Não existe almoço grátis", já (dizem que) dizia Milton Friedman. Portanto, esperar que o mercado musical seja grátis nessa era do MP3 e internet e absolutamente utópico se esperarmos um mínimo de profissionalismo dos artistas. Há, claro, diversos artistas que não vivem apenas de música. Mas sabemos que bandas como Beatles, Nirvana e Radiohead não atingiram o ápice com seus líderes dividindo o tempo entre as guitarras e uma chapa de hamburguer. E isso não é novo: desde a antiguidade clássica, as grandes revoluções artísticas aconteceram quando os artistas conseguiam viver de seus próprios ofícios.
Na era da internet, contudo, a fonte mais óbvia de financiamento de artistas, está em xeque: as gravadoras (pequenas ou grandes) lucram cada vez menos e, consequentemente, investem cada vez menos nos artistas. E estes acabam tendo duas opções: ou ficam reclamando dos tempos modernos, como fez a Lily Allen, ou buscam meios alternativos.
E, seguindo a última opção, temos o Public Enemy, um dos grande pioneiros do hip-hop. Através do projeto SellaBand, o grupo abriu a possibilidade para que fãs (ou investidores) doem cotas de, no mínimo, US$ 25,00 para o grupo custear o próximo álbum. Como contrapartida, os doadores terão acesso ao disco, download, extras e parte do lucro das vendas. Ou seja: o grupo passa por cima das gravadoras e vai direto ao público para conseguir financiar o trabalho.
Acho, todavia, duvidoso que esse formato tenha futuro. Muita gente pode se contentar em esperar a gravação do disco e depois baixá-lo. A idéia de lucrar com bandas hoje em dia também não parece lá muito promissora. E talvez apenas bandas com nome sólido - e esse é o caso do Public Enemy - é que podem conseguir levantar fundos suficientes.
De qualquer forma, não deixa de ser mais um sintoma do constante decréscimo do poder das gravadoras.

Um comentário:

gaiotto disse...

por mais contraditorio que seja:

acho improvavel que essa farra do MP3 continue eternamente, sob pena de acontecer o que vc diz no texto

ao mesmo tempo, acho muito dificil criarem um mecanismo tecnologico para barrar isso