1.12.05

Chimbinha, Cansei de Ser Sexy e o mercado malvado

Até pouco tempo atrás, a Banda Calypso não era absolutamente nada no sudeste. Eu até já ouvira um amigo – amante de forró e música brega – rasgar alguns exaltados elogios à banda quando passávamos em frente de uma barraquinha de camelôs. Mas, passado mais de um ano desse dia, a Banda Calypso está estourada na mídia, com uma vendagem de discos que chegou a 5 milhões de cópias, e apresentações lotadas em casas de show nobres.
Indagado pela Folha de S. Paulo sobre o baixo preço dos oito discos da banda (R$ 10,00), Chimbinha, que divide a liderança do grupo com cantora-dançarina Joelma, dispara: “Nós mesmo fabricamos e fica mais barato do que fazer com uma gravadora. Não pagamos produtor, diretor não sei do quê, arranjador. Eu mesmo faço o arranjo, a direção, tudo. Não ganhamos muito com o CD, mas ficamos conhecidos e temos lucro com o show”. E emenda, sobre a pirataria: “(...) não brigamos com os pirateiros. Estouramos por causa da pirataria, que nos levou a várias cidades onde não chegaríamos”. Hipocrisia zero.


Joelma e Chimbinha, da Banda Calypso


E o fashion-hype Cansei de Ser Sexy adotou uma estratégia semelhante à da banda paraense. Correndo por fora da indústria fonográfica normal, alavancou a carreira a partir da distribuição gratuita de MP3s e propaganda em blogs – a versão século 21 da disseminação “boca a boca”. Gravaram então um disco oficial (com preço oficial, inclusive), mas vendem em shows uma versão alternativa do álbum, que traz um CD-R. Com ele o comprador grava uma cópia do álbum e dá (sim, de graça) para alguém.
A semelhança dos dois casos é nítida: observando o atual contexto da industria fonográfica, as duas bandas criaram alternativas viáveis para a disseminação de suas canções. Como os dois grupos encontraram bons nichos de venda, bingo!
E isso ainda serve para quebrar as pernas daqueles sujeitos que sempre reclamam da “falta de espaço para a divulgação do trabalho”. Mais do que nunca, o espaço está aberto. A questão é ser esperto como o Chimbinha.

Nenhum comentário: